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A Fraternidade é Vermelha (1994)
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 10 de Fevereiro de 2023**Um final muito bom para a trilogia de Kieslowski.** Este é o último filme da “trilogia das cores” de Krzysztof Kieslowski, e foca-se na relação pouco normal de amizade entre uma modelo de passarela, jovem e bonita, e um idoso juiz reformado que se entretém a escutar, ilegalmente e sem que ninguém saiba, as conversas telefónicas dos vizinhos. Por quê? Por puro cinismo. É um homem sozinho, amargo e infeliz. O que se segue é uma jornada em que ambas as personagens passarão por situações bastante próximas. O filme continua a ter pontos notáveis ao nível da cinematografia, dos cenários e dos figurinos. Tal como nos filmes anteriores, a cor do título está presente em todas as cenas e faz parte dos cenários e adereços de maneira persistente. Apesar de ser elegante, a música é intensa, quase um adereço da cena, e contribui para o conjunto e para a harmonia da obra. Tal como nos filmes anteriores, a dupla de actores centrais é responsável por um tour de force interpretativo, absorvente e impressionante: Irene Jacob é uma excelente actriz, mas acaba por ser Jean-Louis Trintignant que se destaca mais. O roteiro é bastante interessante, pela forma como explora o cinismo da personagem do juiz, e pela maneira como aborda as relações interpessoais, a honestidade e sinceridade dos amores e dos relacionamentos, a aplicação da lei e as consequências, morais e filosóficas, dos julgamentos humanos. Há alguns detalhes um pouco inacreditáveis, como a forma como a personagem do juiz evolui de alguém rancoroso e intratável para uma pessoa mais humana em pouco tempo. No entanto, é um filme que realmente vale a pena.