Orgulho e Preconceito (1995)
82%
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Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 20 de Janeiro de 2023**Não procure mais, no cinema ou na TV: esta é, até agora, a melhor adaptação de “Orgulho e Preconceito”.** Sempre que uma produção de cinema ou televisão decide fazer uma produção de época terá, sempre, dois grandes desafios pela frente. O primeiro é, obviamente, o decorrente de toda e de qualquer produção. O segundo é a recriação da época histórica, não apenas nos objectos, nas roupas e nos ambientes, mas principalmente nos modos, na mentalidade e nos hábitos daquelas pessoas, daquele tempo, daquela cultura. É para isso que existem as consultorias históricas, e é um esforço que nunca deve ser menosprezado. Esta mini-série foi muito feliz em todos estes esforços, e para mim, constitui-se como a melhor e a mais fidedigna adaptação audiovisual da obra-prima de Jane Austen, uma narrativa que até quem nunca leu o livro original conhece perfeitamente, e que deve ser um dos romances mais difundidos da literatura inglesa. É a adaptação onde, além de termos os cenários correctos e os figurinos correctos para a época e contexto, temos também os comportamentos e maneirismos que aquelas pessoas, de facto, teriam tido se tivessem existido realmente. E além disso, temos um enorme respeito e consideração pela obra escrita. Há vários actores que merecem, aqui, uma chamada de atenção francamente positiva: apesar de ser incrivelmente irritante com a sua voz aguda e os seus chiliques, Alison Steadman deu à matriarca da família Bennet uma doçura e carinho maternal genuínos. Benjamin Whitrow foi também muito feliz na sua interpretação do Sr. Bennet, com a sua postura mais moderada e transigente. Jennifer Ehle é muito boa no papel principal, e Colin Firth é o Darcy por excelência (não é por acaso que o papel marcou tanto a carreira dele). Há ainda boas interpretações de apoio, vindas principalmente de Anna Chancellor, Julia Sawalha e Barbara Leigh-Hunt. Dividida em seis episódios de cerca de uma hora, a série aproveita muito bem o material escrito e dá aos vários acontecimentos o tempo certo para se desenvolverem. A direcção, assegurada por Simon Langton, foi bastante feliz pela forma como organizou tudo isto, e deu o ritmo certo à série, sem ceder à tentação de alongar excessivamente as coisas em favor de mais dois ou três episódios. Os cenários, os adereços e os figurinos não podiam ser melhores ou mais adequados do que são, a recriação da época é realmente impecável. A banda sonora é boa, ainda que eu não tenha gostado particularmente do tema de abertura.
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