Morangos com Açúcar (2003)
56%
Avaliação dos usuários
Sinopse
Criado Por:
Casa da CriaçãoFilipe Manuel Neto
Escrita em 11 de Fevereiro de 2023**Uma série com tantos fãs e detractores, que se eternizou por mais de uma década, rendeu tanto dinheiro e deu início a tantas carreiras artísticas, só pode ser considerada um sucesso. Apesar disso, é uma série fraca, desinteressante, cansativa e muito amadora.** Esta série, fortemente dirigida ao público adolescente, foi criada pela TVI, passando no horário nobre, aos dias de semana. Creio que se inspiraram muito em *Malhação*, material da Globo que passava em Portugal através da estação concorrente, SIC. Os formatos finais da série têm já certa influência de *High Schol Musical* e *Glee*. Seja como for, a série foi uma aposta certeira da estação de Queluz de Baixo: adquiriu extraordinária popularidade e garantiu à TVI o começo de uma supremacia de audiências que durou anos. Também se converteu numa enorme fonte de rendimento para o canal, à custa da publicidade e de um massivo "merchandising". A série surgiu em 2003 e seguia as peripécias de um grupo de adolescentes em idade escolar de um colégio elitista, o Colégio da Barra. Cada temporada encerrava-se com o fim do ano escolar e dava lugar a uma mini-temporada de Verão. A cada temporada havia uma renovação do elenco e às vezes também uma renovação dos ambientes: na quinta temporada, o colégio dá lugar a uma escola pública cheia de problemas, que se transforma numa escola de artes de palco na temporada 7 e desaparece na temporada 9, para dar lugar a outro colégio elitista. Além da praia, dos namoricos, dos desportos radicais e dos problemas da adolescência, a série tratou de temas mais profundos, desde a anorexia e bulimia, o ‘bullying’ ou o preconceito social. Também apostou muito na música, chegando a dar origem a duas bandas jovens. Os D’ZRT serão a mais lembrada: uma banda de rapazes influenciada por projectos similares, como os Excesso e os Backstreet Boys, esteve bastante activa até 2009. Sem surpresas, a TVI apostou em castings colossais e muito mediáticos para escolher os actores das várias temporadas. Na esmagadora maioria, tinham zero experiência e estavam a aprender a representar ali, diante das câmaras, pelo que o nível de qualidade do elenco era paupérrimo e aqueles jovens não podiam soar de modo mais forçado e canastrão. Não obstante, a série foi uma fábrica de jovens actores de onde saiu uma geração inteira de talentos que ainda anda aí, e onde incluímos João Catarré, Benedita Pereira, Cláudia Vieira, Pedro Teixeira, Joana Duarte, Luís Lourenço, Isaac Alfaiate, Mafalda Matos, Ângelo Rodrigues, Laura Galvão, Sara Matos, Lourenço Ortigão, David Carreira ou Rui Andrade. Actores, modelos, apresentadores e músicos, não raras vezes chegaram a namorar e casar entre si… afinal, a vida não raras vezes imita a arte. Com tantas mutações a cada temporada, compreende-se como a série manteve o seu fortíssimo ascendente nos jovens até ao fim, em 2012. Foi um enorme sucesso, criou fãs incondicionais e, por outro lado, incansáveis detractores que chegaram a cunhar os termos “Geração Morangos” para referir quem foi adolescente entre 2005 e 2010, e “morango-mania”, alusão depreciativa à maneira passional como os fãs seguiam a série e consumiam tudo o que lhe dissesse respeito. Eu, pessoalmente, nunca me senti interessado pela série. Estando eu uma geração à frente da tal “Geração Morangos”, a série surgiu quando eu já era adolescente, mas mesmo assim os meus interesses nunca me colocaram no público-alvo. De facto, fui um dos maiores críticos desta série, e da “morango-mania”, dentro e fora da minha escola. Por forças superiores à minha, cheguei a ver um punhado de episódios soltos, de diversas temporadas, e isso foi o bastante para dar às minhas críticas toda a solidez: pude então comprovar que era uma série estéril, com historietas desinteressantes, incapaz de cativar a atenção de públicos mais exigentes e povoada por actores inexperientes ao ponto de raiarem o amadorismo. Mesmo considerando que era material de TV e que a TVI demorou a atirar dinheiro à produção, eram episódios cansativos, descuidadamente filmados e com gráficos por vezes feios, além de insistirem nos clichés mais óbvios acerca do que são ou devem ser os adolescentes: praia, desporto, namoricos e ilusões. Tudo tem o seu fim, esta série conheceu o seu, mas não deixou de ser marcante… e creio que ainda vai fazendo algumas aparições nalguns canais por cabo.
5000 Caracteres Restantes.