Jesus de Nazaré

Jesus de Nazaré (1977)

27/03/1977 Drama

77%

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Sinopse

O comovente retrato da vida e a morte de Jesus de Nazaré, é aqui apresentado desde o seu nascimento, passando pelas suas peregrinações ainda enquanto criança e o seu batismo por João Batista. Relatando inúmeros milagres durante o seu percurso, a mini-série culmina com a crucificação e ressurreição, num dos mais fiéis e impressionantes relatos da vida de Cristo.

Criado Por:

Franco Zeffirelli
Críticas dos Especialistas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 26 de Setembro de 2020

**Uma mini-série televisiva que parece a versão alargada de muitos filmes bíblicos da mesma época.** O cinema e a televisão estão absolutamente cheios de filme sobre Jesus Cristo, ou sobre Maria, os Apóstolos ou outras personagens e pessoas que viveram na mesma altura ou contactaram, ainda que de leve, com Jesus. Este filme é apenas mais um, mas isso não significa que esteja mal feito: significa que é muito menos conhecido e, por ter sido feito para a TV, pensado como uma mini-série de quatro episódios de 90 minutos cada, funciona na prática como um longo filme de mais de 5 horas de duração. Não vou perder tempo a resumir o enredo porque qualquer pessoa conhece a vida de Jesus, mesmo sem ter fé ou sem ter tocado na Bíblia com um dedo. Jesus é a figura mais marcante e revolucionária da história da humanidade. No entanto, o facto de ser uma mini-série permitiu ao director, Franco Zeffirelli, alongar-se e mostrar momentos da vida de Jesus que seriam, por norma, suprimidos ou subentendidos num filme convencional. Portanto, temos cenas que raramente aparecem em filme como a anunciação, a circuncisão, a apresentação no Templo, o massacre dos Inocentes, a morte de João Baptista e ainda diversos momentos posteriores à ressurreição, como a aparição de Jesus a Maria Madalena e na estrada para Emaús ou a ascensão. O filme salta quase trinta anos entre a fuga da Sagrada Família e o ressurgir de Jesus para o início do Seu ministério, mas isso reflecte um hiato que há na Sua vida: realmente não sabemos nada da vida de Jesus entre esses dois momentos. A série teve direito a um elenco luxuoso carregado de nomes fortes da época: Robert Powell deu vida a um Jesus de olhos azuis e com um sotaque britânico que surpreende ao mesmo tempo que incomoda; Christopher Plummer brilhou no papel do tirânico Herodes Antipas, ao lado de uma perversa Valentine Cortese no papel da temível rainha Herodíade; Michael York foi bom como o Baptista, Anthony Quinn é um excelente Sumo Sacerdote, Anne Bancroft foi uma Maria Madalena bastante satisfatória e o mesmo se pode dizer de James Farentino no papel de Simão Pedro, de Peter Ustinov como Herodes ou de James Mason como José de Arimateia; Olivia Hussey foi uma Virgem Maria bastante doce, mas pouco aproveitada; Ian McShane foi satisfatório no papel do traidor Judas, assim como os vários actores que deram vida aos apóstolos. O filme ainda arranja espaço para pequenas, mas honrosas aparições de Claudia Cardinale, Laurence Olivier, Ernest Borgnine, Ian Holm, David Garfield, Isabel Mestres, John Duttine, James Earl Jones e Donald Pleasence. Parece que todos os actores que eram ou queriam ser alguém entraram nesta série! Se a série é nitidamente um ninho de estrelas e nomes pesados da arte dramática europeia e americana, e se tem o condão e o mérito de abordar a vida de Jesus com mais calma, com mais tempo e passando por momentos e factos que são geralmente omitidos, não se pode, todavia, dizer que seja particularmente precisa do ponto de vista histórico. De facto, a escolha de grandes estrelas é compreensível, mas acabou por reunir uma mistura esquisita de pessoas que parecem tudo menos judeus do Médio Oriente. A falta de rigor aplica-se também aos cenários e figurinos, demasiado imaginativos e vistosos para serem historicamente credíveis. Outro problema que pode tornar a série um pouco aborrecida é uma sensação de presunção auto-assumida, com cada episódio a dizer-nos “eu sou excepcionalmente bom e grandioso”. Além disso, a cinematografia não brilha particularmente, há demasiada luz nalgumas cenas e a forma como alguns actores se comportaram soa um pouco teatral. A forma como Jesus age constantemente, por exemplo, é demasiado etérea para ele parecer minimamente humano e isso retira-lhe verosimilhança. Por fim, uma palavra para a banda sonora, bastante competente, e para alguns efeitos visuais muito bem conseguidos.

Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 26 de Setembro de 2020

**Uma mini-série televisiva que parece a versão alargada de muitos filmes bíblicos da mesma época.** O cinema e a televisão estão absolutamente cheios de filme sobre Jesus Cristo, ou sobre Maria, os Apóstolos ou outras personagens e pessoas que viveram na mesma altura ou contactaram, ainda que de leve, com Jesus. Este filme é apenas mais um, mas isso não significa que esteja mal feito: significa que é muito menos conhecido e, por ter sido feito para a TV, pensado como uma mini-série de quatro episódios de 90 minutos cada, funciona na prática como um longo filme de mais de 5 horas de duração. Não vou perder tempo a resumir o enredo porque qualquer pessoa conhece a vida de Jesus, mesmo sem ter fé ou sem ter tocado na Bíblia com um dedo. Jesus é a figura mais marcante e revolucionária da história da humanidade. No entanto, o facto de ser uma mini-série permitiu ao director, Franco Zeffirelli, alongar-se e mostrar momentos da vida de Jesus que seriam por norma suprimidos ou subentendidos num filme convencional. Portanto, temos cenas que quase nunca aparecem em filme como a anunciação, a circuncisão, a apresentação no Templo, o massacre dos Inocentes, a morte de João Baptista e ainda diversos momentos posteriores à ressurreição, como a aparição de Jesus a Maria Madalena e na estrada para Emaús ou a ascensão. O filme salta quase trinta anos entre a fuga da Sagrada Família e o ressurgir de Jesus para o início do Seu ministério, mas isso reflecte um hiato que há na Sua vida: realmente não sabemos nada da vida de Jesus entre esses dois momentos. A série teve direito a um elenco luxuoso carregado de nomes fortes da época: Robert Powell deu vida a um Jesus de olhos azuis e com um sotaque britânico que surpreende ao mesmo tempo que incomoda; Christopher Plummer brilhou no papel do tirânico Herodes Antipas, ao lado de uma perversa Valentine Cortese no papel da temível rainha Herodíade; Michael York foi bom como o Baptista, Anthony Quinn é um excelente Sumo Sacerdote, Anne Bancroft foi uma Maria Madalena bastante satisfatória e o mesmo se pode dizer de James Farentino no papel de Simão Pedro, de Peter Ustinov como Herodes ou de James Mason como José de Arimateia; Olivia Hussey foi uma Virgem Maria bastante doce mas pouco aproveitada; Ian McShane foi satisfatório no papel do traidor Judas, assim como os vários actores que deram vida aos apóstolos. O filme ainda arranja espaço para pequenas mas honrosas aparições de Claudia Cardinale, Laurence Olivier, Ernest Borgnine, Ian Holm, David Garfield, Isabel Mestres, John Duttine, James Earl Jones e Donald Pleasence. Parece que todos os actores que eram ou queriam ser alguém entraram nesta série! Se a série é nitidamente um ninho de estrelas e nomes pesados da arte dramática europeia e americana, e se tem o condão e o mérito de abordar a vida de Jesus com mais calma, com mais tempo e passando por momentos e factos que são geralmente omitidos, não se pode todavia dizer que seja particularmente precisa do ponto de vista histórico. De facto, a escolha de grandes estrelas é compreensível mas acabou por reunir uma mistura esquisita de pessoas que parecem tudo menos judeus do Médio Oriente. A falta de rigor aplica-se também aos cenários e figurinos, demasiado imaginativos e vistosos para serem historicamente credíveis. Outro problema que pode tornar a série um pouco aborrecida é uma sensação de presunção auto-assumida, com cada episódio a dizer-nos “eu sou excepcionalmente bom e grandioso”. Além disso, a cinematografia não brilha particularmente, há demasiada luz nalgumas cenas e a forma como alguns actores se comportaram soa um pouco teatral. A forma como Jesus age constantemente, por exemplo, é demasiado etérea para ele parecer minimamente humano e isso retira-lhe verosimilhança. Por fim, uma palavra para a banda sonora, bastante competente, e para alguns efeitos visuais muito bem conseguidos.

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