Arcane (2021)

Wesley Aguiar

Escrita em 9 de Novembro de 2024

**CRÍTICA | ARCANE 1ª TEMPORADA - UM ESPECTÁCULO VISUAL E NARRATIVO** Arcane, disponível na Netflix, é uma série que conquistou tanto a crítica quanto o público, se destacando como uma das animações mais premiadas e aclamadas dos últimos tempos. Com uma pontuação impressionante de 100% no Rotten Tomatoes e mais de 21 prêmios, a série não é apenas uma adaptação do jogo League of Legends, mas uma obra de arte que transcende suas origens para entregar uma narrativa profunda e visualmente inovadora. A trama da primeira temporada acompanha a história de duas irmãs, Jinx e Vi, que se veem em lados opostos de um conflito que divide as cidades gêmeas de Piltover e Zaun. Enquanto Piltover é uma metrópole próspera, marcada pelo avanço tecnológico, Zaun vive à sombra da pobreza e da exploração. É nesse cenário que os dilemas da desigualdade social, da ética da tecnologia e do desequilíbrio entre o progresso e os custos humanos se desenrolam de forma natural e eficaz. A animação é um dos maiores destaques de Arcane. Combinando técnicas de 3D e 2D, o estúdio Fortiche cria um visual que vai além da tradicional animação, parecendo quase uma pintura em movimento. Cada cena, com suas cores vibrantes e expressões detalhadas, não apenas encanta, mas também reforça a atmosfera emocional e temática da história. A fluididade das cenas de ação, somada ao uso criativo de slow motion, amplifica ainda mais o impacto visual, fazendo cada momento ser tanto uma experiência estética quanto narrativa. A ambientação é outro ponto forte, com uma clara distinção entre os mundos de Piltover e Zaun. Piltover é um espaço de inovação e riqueza, com sua arquitetura imponente e máquinas sofisticadas, enquanto Zaun é sombrio e opressor, refletindo a luta diária de seus habitantes. A série usa esses contrastes não apenas como cenários, mas como extensões dos próprios personagens e da narrativa, enfatizando o impacto do ambiente no desenvolvimento e nas escolhas de cada um. Os personagens são outro ponto de destaque. Arcane evita os estereótipos e oferece figuras complexas, com motivações claras e falhas humanas que tornam suas jornadas emocionantes e realistas. A dualidade entre Jinx e Vi é um exemplo perfeito disso, pois ambas são moldadas por suas escolhas, pelo ambiente e pelas relações que formam. Não há heróis ou vilões absolutos, o que adiciona uma camada de profundidade que é rara em produções desse tipo. A construção de Jinx, em particular, é um dos maiores triunfos da série. Desde sua infância marcada por traumas, até sua transformação em uma figura imprevisível e caótica, a série constrói de forma brilhante a psicologia da personagem, explorando suas inseguranças, seus conflitos internos e as perdas que a moldam. Esse desenvolvimento torna Jinx uma das figuras mais fascinantes e trágicas da animação. O universo de Arcane é vasto e bem desenvolvido, com uma rica mitologia que mistura magia e tecnologia de maneira intrigante. Piltover e Zaun não são apenas locais, mas entidades que refletem as questões sociais e políticas que permeiam a série. O uso do Hextech, uma tecnologia mágica revolucionária, em Piltover, e a substância "Shimmer" em Zaun, são apenas alguns exemplos de como a série constrói uma relação complexa entre o avanço tecnológico e os efeitos que ele tem nas sociedades. O final da primeira temporada de Arcane é marcante, encerrando com grandes revelações e preparando o terreno para uma continuação ainda mais intensa. As escolhas dos personagens atingem um ponto de ruptura, deixando o destino de Piltover e Zaun em um estado de incerteza. Esse desfecho não apenas amarra os conflitos, mas também expande as possibilidades para a próxima temporada, criando uma expectativa ansiosa para o que está por vir. Arcane é, sem dúvida, uma série que vai além das expectativas. Ela não é apenas uma adaptação de um jogo, mas uma obra visualmente impressionante e narrativamente envolvente que toca em questões sociais e humanas de forma inteligente e impactante. Ao focar nas complexidades de seus personagens e no universo que habita, Arcane se estabelece como uma das melhores animações já feitas, prometendo continuar sua jornada de sucesso e inovação com a segunda temporada.

Priscila Oliveira

Escrita em 1 de Abril de 2023

Arcane traz um mundo mágico e tecnológico, onde as diferenças de classes são o grande fervor da trama e é nessa semelhança com a realidade, que a produção cresce. As cidades de Piltover e Zaun evidenciam uma grande desigualdade social. É uma animação incrível que coloca o espectador no meio de uma batalha social com dilemas interessantes que engrandecem os personagens e o final causa um baita impacto em todos os seus pequenos detalhes.

Marte

Escrita em 20 de Junho de 2024

**Contém spoilers leves.** Já foi dito por várias pessoas que não é preciso ser jogador de nenhum jogo da Riot!, especialmente League of Legends, para entender e acompanhar a série, o que eu penso que vale a pena ser reiterado. Algumas pessoas não se sentem confortáveis em dar uma chance para Arcane por causa do vínculo com o universo de LoL. Bom, apesar de ter jogado TFT por um tempo, e conhecer por cima a lore de alguns personagens, eu fui praticamente zerada em conhecimento e foi uma experiência boa. A animação é, de longe, o ponto alto da série. É extremamente bem executada, bonita, instigante, dá gosto de ver. Eu fiquei em dúvida sobre dar 8 ou 9 para a série e decidi por 9 por causa da animação que é excelente. A trilha sonora também é boa. Eu detesto Imagine Dragons, mas aqui eles fizeram um trabalho bem legal e a música de abertura até arrepia nos momentos corretos. O roteiro é onde desliza um pouco, especialmente no desenvolvimento de algumas personagens. Vi é quem mais promete e quem mais deixa a desejar. A relação entre Vi e Caitlyn não me convenceu e não me empolgou, me prometeram uma coisa mais profunda e não entregaram isso. Jinx é muito (muito) mais interessante e não vemos o suficiente dela. Mesmo assim, as linhas dos personagens Jayce, Viktor, Silco, Mel Medarda, entre outros, são interessantes o suficiente para manter a história arrepiante. Uma coisa que gostei nas escolhas do roteiro foi a de podermos ver múltiplos lados de uma situação, de forma que fica difícil encontrar o mocinho ou o vilão individuais, todos têm suas motivações genuínas. Felizmente, aqui os personagens não são rasos, têm seus conflitos e contradições expostos de forma crua. Sendo que no fundo, a culpa principal é a desigualdade social e o apartheid. O final aberto não vai agradar a todos, mas achei interessante mesmo assim. Espero pela segunda temporada! Em resumo, dê uma chance mesmo que LoL não seja sua praia.