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X-Men Origens: Wolverine (2009)
Testemunhe a origem.
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 4 de Outubro de 2020**Esperava algo mais, mas mesmo assim é bom o suficiente para valer a pena.** Não estou muito acostumado a filmes que tenham por tema personagens do universo da banda desenhada, mas a qualidade e o impacto que alguns têm tido torna-os visita obrigatória. Assim, e mesmo sem conhecer muito acerca das personagens ou das suas histórias ficcionais, decidi ver os filmes da franquia X-Men. Essa decisão foi seguida de alguma leitura acerca das personagens e dos filmes. Procurei seguir mais ou menos a sequência cronológica dos acontecimentos começando pelas prequelas, a fim de melhor compreender o que estava a ver. Assim, este filme não foi dos primeiro a ser lançado mas é um dos que se debruça sobre as origens do grupo e de uma das suas personagens mais marcantes: Wolverine. Neste filme é revelada a origem da personagem, que terá nascido há séculos atrás, ainda no tempo da Guerra Civil Americana onde combateu ao lado do seu irmão. Sendo um mutante particularmente apto para o conflito físico, com extraordinária resistência, garras inquebráveis retrácteis e uma extraordinária capacidade de regeneração física, Logan foi o soldado ideal e combateu nas guerras todas em que os EUA participaram até ao Vietname, onde se desentende com o seu irmão, cada vez mais sanguinário. Consciente de que um dia teria de o enfrentar, Logan aceita submeter-se a uma experiência científica na qual o seu esqueleto foi reforçado com adamâncio, um metal extraordinariamente duro e resistente que o tornou virtualmente imparável. Bem, não sou a melhor pessoa para avaliar da forma como o filme se encadeia com os demais da franquia posto que ainda não os vi. Mas eu vi algumas opiniões que teceram duras críticas à forma como o filme contradiz alguns pontos da história ficcional das personagens e cria alguns paradoxos e contradições com os filmes anteriores. Eu tenho a certeza que os conhecedores do universo Marvel terão uma opinião mais fundamentada do que a minha acerca disto mas, a dar crédito a estas críticas, isto é um ponto muito desfavorável para este filme. Uma coisa que eu pude verificar por mim, e que se avalia mais facilmente, é a fragilidade do roteiro quando o assunto não é acção: todas as explicações e contextualizações parecem resumidas e feitas com alguma pressa para que possamos chegar a mais uma cena de porrada. Os diálogos também são fracos e desinteressantes e, aparte a personagem principal, o resto das personagens não foi muito desenvolvido, sendo que algumas personagens parecem aparecer apenas por uma espécie de obrigação moral para, depois, desaparecerem airosamente ou serem relegadas para uma “figuração honrosa”. Quanto ao elenco, o filme abunda em qualidade, ainda que o papel protagonista seja facilmente agarrado pelo talentoso Hugh Jackman, que é um excelente actor e tem feito muito sucesso com as suas participações nos filmes X-Men. Também gostei bastante do desempenho de Liev Schreiber, no papel do irmão cruel de Logan, Victor/Sabretooth. Danny Huston também fez um bom trabalho no papel do vilão, Stryker. O filme conta também com participações muito bem conseguidas de Ryan Reynolds, Dominic Monaghan e Taylor Kitsch. Mas não haja dúvidas: o filme pertence a Jackman e ele rouba os holofotes quando aparece. Tecnicamente, é um filme que se destaca em vários pontos, muito especialmente pela alta qualidade dos efeitos visuais e CGI, e pela intensidade e grandiosidade das cenas de acção e de luta, que são o prato forte de todo o filme. É claramente visível onde foi gasto o dinheiro do orçamento. O problema disto é aquela sensação desagradável de estarmos a ver um jogo de vídeo e não uma coisa que poderia ter acontecido. Falta verosimilhança e realismo, apesar do brilhantismo técnico. O restante é bastante mais mediano: o filme tem uma cinematografia boa e faz bom uso da cor, da luz e sombra, mas isso era exigível num filme deste gabarito. Há algumas cenas e sequências verdadeiramente notáveis, como a abertura e o clímax final. O filme tem ainda bons cenários e figurinos, e eu creio que é justo saudar também o departamento de maquilhagem pelo trabalho com a aparência física das personagens. Por fim, uma palavra de apreço para Harry Gregson-Williams, que assina a banda sonora, que não fica no ouvido nem é notável mas cumpre bastante bem o seu papel.