Uma Verdade Inconveniente

Uma Verdade Inconveniente (2006)

24/05/2006 Documentário 1h 40min

70%

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Sinopse

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore apresenta uma análise da questão do aquecimento global, mostrando os mitos e equívocos existentes em torno do tema e também possíveis saídas para que o planeta não passe por uma catástrofe climática nas próximas décadas.

Críticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 27 de Maio de 2020

**Pertinente, esclarecedor, envolvente, mas um pouco politizado.** Este é provavelmente um dos documentários ambientalistas mais marcantes e notáveis de todos os tempos, principalmente tendo em conta que ganhou dois Óscares (Melhor Canção Original e, sem surpresas, Melhor Documentário) e é apresentado pelo ex-político norte-americano e candidato eterno à presidência Al Gore. Contudo, passados virtualmente vinte anos de este documentário ter sido feito, quase nada mudou e o mundo, se estas previsões se verificarem, está perdido. A apresentação do tema e a forma como Al Gore explica e se expressa ao público que tem pela frente é esclarecedora e muito elucidativa. Não podíamos, todavia, esperar outra coisa de um homem que passou boa parte da sua vida na carreira política e no Congresso dos EUA. Toda a informação que o documentário veicula é contundente e esclarece muito bem a urgência de agir em relação ao clima e às mudanças que estão a ocorrer. Os gráficos e dados são úteis e são bem apresentados. Porém, o documentário não é isento de falhas. O primeiro problema deste documentário é envolver demasiado o passado político de Al Gore sem que haja real necessidade disso. Por um lado, as alusões à infância e juventude de Gore permitem compreender as razões pelas quais se associou ao documentário e apoia de modo tão aberto as bandeiras ambientalistas: ele sempre teve, mesmo quando era um político no activo, consciência ambiental e preocupações com o meio ambiente. O documentário mostra e explica isso, permitindo compreender porque é ele quem está a apresentá-lo. Todavia, há uma série de momentos em que o documentário se perde em considerações acerca da trajectória política, e da derrota eleitoral, do seu apresentador. Em certo sentido, às vezes parece uma retrospectiva do próprio sobre o seu passado político e isso veio totalmente a despropósito do tema do documentário. Se fosse eu o apresentador, o documentário iria porventura falar da minha infância e da paixão que eu nutro por chocolate preto até hoje? Que ligação existe entre o meio ambiente, o perigo das alterações climáticas e o facto de eu não poder ver uma barra de chocolate preto? Outro problema deste documentário, pelo menos para mim, foi sentir que está mais próximo de ser apenas uma conferência gravada num auditório do que de um documentário feito para o cinema ou mesmo a TV. Apoia-se demasiado na figura de Gore exibindo um powerpoint com vários gráficos e imagens para uma plateia.