Terrifier 3

Terrifier 3 (2024)

18
31/10/2024 Mistério, Terror, Thriller 1h 22min

69%

Avaliação dos usuários

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Melhor não gritar, melhor não chorar

Sinopse

O palhaço assassino Art está pronto para espalhar o caos sobre os moradores inocentes do Condado de Miles durante uma pacífica véspera de Natal.

Brad Miska

Produtor Executivo

Phil Falcone

Produtor

Chris McGurk

Produtor Executivo

Damien Leone

Diretor
Sessões
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Críticas
Pedro Quintão

Pedro Quintão

Escrita em 1 de Novembro de 2024

As minhas expectativas estavam altas para Terrifier 3, pois gostei imenso do segundo filme, além disso, o aumento de orçamento que prometia algo mais ambicioso tanto a nível técnico como em termos da violência, um elemento identitário na franquia. Em termos de violência gráfica, este filme não desilude quem aguarda gore: as mortes são intensamente explícitas e bem executadas, mantendo um nível de brutalidade que ultrapassa o que é comum até para o género. Senti que não existiam mais partes do interior do corpo humano para serem apresentadas, essas cenas são tão detalhadas e explícitas que podem realmente perturbar certos espectadores. No meu caso, não me perturbou, pois o humor negro acaba por atenuar o efeito perturbador desses momentos. Todos os espectadores estrangeiros enfatizaram a cena do chuveiro em que vemos um casal a ser brutalmente mutilado por uma motosserra. É um dos momentos mais violentos do cinema de terror moderno, mas acho que uma parte em que uma personagem é obrigada a engolir dois ratos e depois degolada, menos sangrenta, mas mais doentia. A narrativa volta a acompanhar a história de Siena, protagonista do segundo filme, que se vê novamente a ser perseguida pelo palhaço Art, desta vez na época de Natal. Como podem entender, apesar de Damien Leone tentar aprofundar o lore, a base da história é simples. Contudo, o problema surge com a forma como é desenvolvida, pois o guião tem algumas falhas significativas. Parece que Damien Leone se limita a avançar de uma sequência de violência gráfica para a seguinte sem uma construção narrativa sólida que sacrifica a tensão e o suspense em prol da violência gratuita. Um dos exemplos mais evidentes da escrita pobre de Damien Leone também se verifica na forma como Art que após ressuscitar encontra facilmente Sienna numa cidade enorme por pura aleatoriedade. É como se ele usasse um GPS que o guia diretamente até aos locais onde Sienna e Jonathan estão. A limitação também se verifica no desenvolvimento das personagens secundárias, pois a maioria delas só surgem em cena para morrerem e quando ousam desenvolver algumas delas, fazem-no de forma limitada. Damien Leone deveria começar a delegar algumas funções, especialmente a nível de argumento e contratar um bom argumentista, para desenvolver um enredo mais fundamentado e envolvente. Como referi, o humor negro de Art traz um contraste marcante ao filme. Embora subtil, confere uma leveza inesperada às cenas de horror. Por mais grotesca que seja a violência, o caráter excêntrico e as atitudes absurdas de Art introduzem uma dimensão quase cómica. Aliviando a tensão e, paradoxalmente, aproximando-nos mais da personagem, humanizando-o de uma forma perturbadora e singular da mesma forma que Wes Craven fez com Freddy Krueger na franquia A Nightmare on Elm Street. A nível técnico, a cinematografia é um ponto forte, com um visual sólido e estilizado que realça o ambiente sombrio e decadente da história, adorei a escolha de lentes vintage para captarem uma atmosfera mais aproximada dos filmes de terror da década de 80, mas com um toque moderno. No entanto, como também frisei inicialmente, a edição é um dos maiores pontos fracos: há cenas que se prolongam sem necessidade e outras que não acrescentam nada ao enredo, apenas aumentam a duração do filme, tornando-o excessivamente longo, perdendo a coesão e acabando retirar alguma qualidade ao filme. No final, o filme é uma experiência perturbadora e até divertida para os fãs do género, mas deixa a sensação de que, com uma estrutura narrativa mais forte, poderia ter sido muito mais do que “porreiro”; teria potencial para ser um marco no terror contemporâneo. Fico na expectativa que Damien Leone entenda que não pode estar presente em todas as áreas de produção e confie pelo menos parte da escrita de Terrifier 4 a outros profissionais.