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Spartacus (1960)
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 15 de Novembro de 2020**Um dos melhores filmes de Kubrick.** As décadas de cinquenta e sessenta assistiram a uma proliferação de filmes épicos feitos em redor da Bíblia ou do Império Romano. Baseado num momento preciso da história de Roma, a Guerra dos Escravos, este é um dos melhores apesar de não ter virtualmente uma vírgula de rigor histórico. O filme concentra-se na figura histórica de Espártaco, um escravo trácio que começa por ser um gladiador e que irá notabilizar-se ao assumir a liderança de um enorme grupo de escravos que, em plena península itálica, se revolta e luta desesperadamente pela própria liberdade e pelo direito de abandonar as terras do império. O filme cria em redor dele um enorme enredo ficcional e um romance algo açucarado com uma outra escrava, e enfatiza a divisão dos romanos e as questões políticas. Habilmente dirigido por Stanley Kubrick, é um dos filmes mais comerciais e palatáveis da sua filmografia. O filme acompanha toda a trajectória da revolta até ao seu sangrento final. Um dos pontos mais fortes do filme é a extraordinária prestação do elenco, liderado por Kirk Douglas num dos papeis que lhe viria a conferir imorredoira notoriedade. Ele está perfeito na forma como deu vida a Espártaco, embora talvez Kubrick tenha exagerado na quantidade de discursos pomposos e frases de algibeira atribuídas à personagem. Jean Simmons foi excelente no papel da escrava por quem ele se apaixona, e Laurence Olivier é impecável no papel de Crasso, o famoso político e cônsul romano responsável pelo fim da revolta dos escravos. O filme conta ainda com John Gavin, Charles Laughton, John Dall e Peter Ustinov em papeis menores, mas onde todos fizeram um trabalho digno de louvor. Tecnicamente, é um filme cheio de valor e de notas extremamente positivas. Comecemos por mencionar a excelente cinematografia, o trabalho impecável de filmagem, as cores e luz magníficas que acompanham toda a obra, de cerca de três horas de duração. São de facto três horas bem empregues, onde raramente sentimos estar a ver uma cena passível de ser removida ou encurtada até chegarmos à última meia hora… de facto, a partir desse ponto, Kubrick parece estar mais preocupado em criar um fim hermeticamente fechado do que aproveitar o clímax dramático para um final grandioso e impactante. Assim, e por consequência dessa hesitação, o filme arrasta-se por trinta minutos desnecessários. Todos os cenários e figurinos foram meticulosamente bem feitos e parecem incríveis, apesar de, tal como boa parte do roteiro, serem mais guiados pelo impacto visual do que pelo rigor histórico da recriação feita. Como noutros épicos desta época, há muita gente envolvida e o filme foi um esforço colectivo imponente. A banda sonora, da autoria de Alex North, é eficaz e funciona bastante bem.