Sob o Domínio do Mal
No ar Assista Agora

Sob o Domínio do Mal (1962)

24/10/1962 Drama, Thriller 2h 6min

75%

Avaliação dos usuários

play Reproduzir trailer

Sinopse

Após retornar como herói da Guerra da Coréia, Raymond Shaw (Laurence Harvey) e seu pelotão não conseguem se lembrar direito o que aconteceu para ele ter recebido tal condecoração. Bennett Marco (Frank Sinatra) e um outro soldado, que faziam parte do pelotão, começam a ter pesadelos horríveis sobre alguns acontecimentos vividos durante a guerra. Marco então pesquisa sobre a vida atual de Shaw, e descobre que segredos horríveis podem estar guardados sob a memória perdida, inclusive de que Shaw pode estar sendo manipulado pelos seus inimigos através de uma perigosa lavagem cerebral.

Críticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 28 de Dezembro de 2021

**O grande lobo mau comunista.** Estamos perante um dos grandes filmes de ‘suspense’ e drama político dos anos 60, um filme que aborda, essencialmente, a ameaça comunista subversiva em solo americano, tema que estava então no topo das preocupações dos americanos. De facto, o filme chegou mesmo a ser retirado de circulação após o assassinato do presidente Kennedy, o que nos mostra quão plausível podia ser, para o povo, a ideia de que os comunistas haviam morto o presidente. Claro, um filme assim nunca foi autorizado em solo soviético, e só foi exibido na Rússia depois de 1991. O roteiro baseia-se na forma como um pelotão de soldados americanos foi capturado por forças comunistas durante a Guerra da Coreia. Desse pelotão faziam parte o Major Ben Marco e ainda o sargento Raymond Shaw, entre outros soldados. Depois da guerra, Shaw é condecorado como um herói por, alegadamente, ter salvo os companheiros. Porém, Marco e outros sobreviventes são assombrados por um pesadelo recorrente, onde vêem Shaw, sob hipnose, a matar soldados americanos capturados, e vários companheiros a sofrerem uma lavagem cerebral. Perante tais factos, Marco começa a suspeitar que algo realmente obscuro aconteceu na Coreia e Shaw não é tão inocente quanto pode parecer. O melhor deste filme é, realmente, a sua trama complexa e apelativa, e todo o mistério que vai envolvendo o que aconteceu aos soldados. São abordados temas como a hipnose, o controlo comportamental, a guerra subversiva, a paranóia e a corrupção do poder. Habilmente dirigido por John Frankenheimer, o filme é bom em muitos aspectos, apesar de não ser perfeito. Por exemplo, eu senti que o ritmo é desigual, lento demais na sua primeira metade… aliás, a primeira metade do filme é cansativa, com um exagero no esforço introdutório que nos deixa aborrecidos antes de as coisas realmente aquecerem e ficarem interessantes. Penso que o filme teria ganho com um corte de cerca de trinta minutos na mesa de edição. Os diálogos também não são particularmente bem escritos e há imensas cenas onde eu senti que o filme está apenas a gastar o nosso tempo. As sub-tramas românticas também não são particularmente felizes. O grande cantor e actor Frank Sinatra assegura com confiança um dos papéis principais do filme e é realmente interessante vê-lo aqui, posto que a maioria das pessoas o conhece apenas pelas suas canções. Este é, de resto, o grande contributo dele para a sétima arte, sendo considerado o seu trabalho de actuação mais importante e memorável. Laurence Harvey deu vida a Shaw de uma maneira inteligente e carismática. O filme dá-nos ainda a impecável Angela Lansbury, numa excepcional interpretação dramática de uma mãe excessivamente controladora e rude. Tecnicamente, o filme tem alguns pontos de grande valor, especialmente no que concerne à cinematografia, que procura expressar a paranóia latente nalgumas personagens com ângulos e enquadramentos de filmagem mais apertados e close-ups bem definidos, que dão a diversos momentos do filme uma sensação claustrofóbica. Os cenários e figurinos também me parecem estar bem e a banda sonora é tolerável.