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Sob o Domínio do Mal (1962)
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 28 de Dezembro de 2021**O grande lobo mau comunista.** Estamos perante um dos grandes filmes de ‘suspense’ e drama político dos anos 60, um filme que aborda, essencialmente, a ameaça comunista subversiva em solo americano, tema que estava então no topo das preocupações dos americanos. De facto, o filme chegou mesmo a ser retirado de circulação após o assassinato do presidente Kennedy, o que nos mostra quão plausível podia ser, para o povo, a ideia de que os comunistas haviam morto o presidente. Claro, um filme assim nunca foi autorizado em solo soviético, e só foi exibido na Rússia depois de 1991. O roteiro baseia-se na forma como um pelotão de soldados americanos foi capturado por forças comunistas durante a Guerra da Coreia. Desse pelotão faziam parte o Major Ben Marco e ainda o sargento Raymond Shaw, entre outros soldados. Depois da guerra, Shaw é condecorado como um herói por, alegadamente, ter salvo os companheiros. Porém, Marco e outros sobreviventes são assombrados por um pesadelo recorrente, onde vêem Shaw, sob hipnose, a matar soldados americanos capturados, e vários companheiros a sofrerem uma lavagem cerebral. Perante tais factos, Marco começa a suspeitar que algo realmente obscuro aconteceu na Coreia e Shaw não é tão inocente quanto pode parecer. O melhor deste filme é, realmente, a sua trama complexa e apelativa, e todo o mistério que vai envolvendo o que aconteceu aos soldados. São abordados temas como a hipnose, o controlo comportamental, a guerra subversiva, a paranóia e a corrupção do poder. Habilmente dirigido por John Frankenheimer, o filme é bom em muitos aspectos, apesar de não ser perfeito. Por exemplo, eu senti que o ritmo é desigual, lento demais na sua primeira metade… aliás, a primeira metade do filme é cansativa, com um exagero no esforço introdutório que nos deixa aborrecidos antes de as coisas realmente aquecerem e ficarem interessantes. Penso que o filme teria ganho com um corte de cerca de trinta minutos na mesa de edição. Os diálogos também não são particularmente bem escritos e há imensas cenas onde eu senti que o filme está apenas a gastar o nosso tempo. As sub-tramas românticas também não são particularmente felizes. O grande cantor e actor Frank Sinatra assegura com confiança um dos papéis principais do filme e é realmente interessante vê-lo aqui, posto que a maioria das pessoas o conhece apenas pelas suas canções. Este é, de resto, o grande contributo dele para a sétima arte, sendo considerado o seu trabalho de actuação mais importante e memorável. Laurence Harvey deu vida a Shaw de uma maneira inteligente e carismática. O filme dá-nos ainda a impecável Angela Lansbury, numa excepcional interpretação dramática de uma mãe excessivamente controladora e rude. Tecnicamente, o filme tem alguns pontos de grande valor, especialmente no que concerne à cinematografia, que procura expressar a paranóia latente nalgumas personagens com ângulos e enquadramentos de filmagem mais apertados e close-ups bem definidos, que dão a diversos momentos do filme uma sensação claustrofóbica. Os cenários e figurinos também me parecem estar bem e a banda sonora é tolerável.