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Simplesmente Amor (2003)
O amor está em toda parte.
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 30 de Outubro de 2022**Juntando várias tramas, o filme não é sobre um amor, mas sobre o Amor nas suas facetas mais diversas… e nem sempre felizes.** Ao contrário da maioria dos filmes românticos, que se prende a uma história açucarada e segue-a até ao final, com o invariável casamento no fim, e tudo cor-de-rosa, este filme parece que se importa mais com o amor em si, como sentimento. De facto, são nove as sub-tramas envolvidas e cada uma delas explora uma faceta diferente do amor: temos o amor na adolescência, temos amores ilícitos, temos romances improváveis, temos triângulos amorosos, temos até um amor que floresce sem que um ou outro falem a mesma língua… e tudo durante os tempos anteriores ao Natal! Por isso, eu não vou perder tempo a esmiuçar cada enredo, talvez seja melhor. O filme poderia ter corrido muito mal, mas a verdade é que funciona razoavelmente bem. Não é um filme onde consigamos gostar de todas as personagens, obviamente muitas delas estão a cometer erros em nome do amor, mas a verdade é que o filme traz, com tudo isso, uma tónica bastante mais humana e realista do que outros do seu género: quem nunca cometeu um erro porque se apaixonou, ou se viu apaixonado pela pessoa errada e com total consciência disso? Mesmo assim, e apesar dos méritos, há de facto alguns subenredos que parecem subscritos e mal desenvolvidos, e outros que simplesmente não entendi porque foram adicionados. E não sou a favor de algumas das piadas que foram sendo feitas, há algum humor que não funciona, mesmo que os diálogos sejam bons e bem escritos. Eu perdi a conta ao número de grandes actores que entrou neste filme. Parece que todos os bons actores britânicos da década resolveram marcar um café e aparecer todos. Alguns estão mais destacados, outros nem tanto. Hugh Grant é um dos destaques do filme e ele realmente é bom no papel que recebeu, e contracena muito bem com Martine McCutcheon, que também se sai bem no papel dela. Também gostei das performances de Liam Neeson e do seu enteado adolescente, Thomas Brodie-Sangster (que viria a despontar como actor em Maze Runner). Não deixa de ser bonito ver a forma como as personagens deles se relacionam e a intimidade que é criada entre ambos. Bill Nighy é engraçado e irreverente, mas não entendi a subtrama dele aqui, e Laura Linney é boa no que faz, mas não me senti cativado pela personagem. O mesmo se pode dizer de Keira Knightley (nunca gostei particularmente desta actriz). Emma Thompson é melhor, e faz um bom trabalho aqui. Por fim, uma pequena palavra de louvor a Colin Firth, e também à minha compatriota Lúcia Moniz. Sabe bem ver alguém do nosso país a brilhar lá fora, e ouvir a nossa língua materna num filme estrangeiro. O filme não é brilhante a nível técnico. Apostando tudo, ou quase, no roteiro, na performance dos actores e na direcção, muito competente, de Richard Curtis, o filme não é particularmente notável nesses pontos, assumindo uma estética padrão e não tendo quase nada a nível visual que ultrapasse a mediania. Há, todavia, alguns bons aspectos, relacionados com os cenários e a escolha dos locais de filmagem, muito bem seleccionados e aproveitados.