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Shrek Terceiro (2007)
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 18 de Janeiro de 2021**Muito inferior aos predecessores, revela o desgaste do material e tem um roteiro confuso e muito mal escrito.** “Shrek” foi um sucesso, a todos os níveis, e a DreamWorks ganhou dinheiro como nunca acontecera antes graças aos dois filmes iniciais desta tetralogia. Ainda hoje, “Shrek 2” continua a ser o filme que mais dinheiro rendeu ao estúdio. Isso seguramente motivou a produção deste filme, que não terá desiludido os responsáveis da DreamWorks na medida em que foi quase tão rentável quanto o seu predecessor. Porém, e em abono da verdade isto tem de ser dito, não é tão interessante, envolvente ou agradável quanto os dois anteriores. Na verdade, achei-o até um pouco aborrecido e a história do filme não me agradou minimamente. O roteiro baseia-se numa crise de sucessão no reino de Lá Lá Longe (detestei a forma como a dobragem para Português verteu o nome original do reino, “Far Far Away”, para uma expressão demasiado lisboeta/africana, “Bué Bué Longe”; a dobragem brasileira não foi muito mais feliz ao traduzir para “Tão Tão Distante”), onde o pai de Fiona morre e deixa o trono, aparentemente, para a filha, Fiona, e para o genro, Shrek. Acontece que ele não se sente à vontade como rei e a busca por um herdeiro alternativo irá recair num atrapalhado adolescente, Artur, que Shrek vai buscar para assumir a coroa. Acontece que, enquanto ele está ausente, o Príncipe Encantado vai congregar forças para contestar a sucessão e, num verdadeiro golpe de estado, se tornar rei pela força. A sensação com que ficamos, após ver este filme, é que a qualidade da história é muito inferior à dos filmes anteriores, e tudo soa mais desgastado, aborrecido e desinteressante. Também me parece um filme muito mais adulto do que os anteriores, menos interessante para os públicos infanto-juvenis. Eu, pelo menos, detestei o roteiro e a história contada. Shrek é uma personagem que nos conquistou nos filmes anteriores e, para nós, é o rei ideal para o reino, ainda que se sinta despreparado e assustado pelas responsabilidades inerentes. Portanto, a questão sucessória é algo que não agrada a quem gostou dele, ao passo que Artur é uma personagem que nunca nos conquistou e que parece só aparecer no filme porque realmente tem de ser. Senti que Fiona é uma personagem que quase foi apagada do filme em dois terços da sua duração, só lhe sendo dada relevância na parte final. A ideia do golpe de estado do Príncipe Encantado é boa, e penso que seria suficiente para dar base ao roteiro. Também gostei da forma como Fiona, a mãe dela e as outras princesas de conto de fadas se unem para lutar contra um inimigo comum usando as armas que melhor sabem usar. Pelo meio há uma agradável reviravolta envolvendo uma delas, mas isso é basicamente tudo de bom que esta história tem para nos dar. Sendo um filme feito no seguimento dos dois anteriores, volta a herdar a maioria do elenco de voz e da equipa técnica que já vimos nessas duas produções, pelo que há muito pouco a dizer ou a acrescentar. É mais do mesmo, e não é possível aos actores de voz fazer algo, a esta altura, que já não tenhamos visto. A única coisa que posso acrescentar é a adição de Justin Timberlake e de Eric Idle, que deram voz às personagens de Artur e Merlim, mas o trabalho deles é quase tão desinteressante quanto as personagens a que emprestaram voz. A nível técnico, o filme é bom, mas mesmo neste ponto parece inferior aos demais, sem dúvida prejudicado pelo cansaço do material com que trabalha. Visualmente agradável e bem feito do ponto de vista mais técnico, tem uma cinematografia boa e bonitas cores, mas é só isso. Tudo o resto é uma reedição do que já conhecemos, com pouca coisa a acrescentar. Pessoalmente, gostei das cenas envolvendo a morte e as exéquias do rei Sapo, o pai de Fiona, e do uso de uma canção que gosto bastante: *Live or Let Die*.