Claro video
Shrek Para Sempre: O Capítulo Final (2010)
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 18 de Janeiro de 2021**Um desfecho honroso para Shrek.** Depois de três sucessos de bilheteira (sendo que *Shrek o Terceiro* não justificava metade do dinheiro do bilhete, para ser sincero), a DreamWorks apostou numa quarta produção. Verdade seja dita, os produtores parecem ter aprendido com os erros do terceiro filme e reforçaram as atenções ao roteiro desta vez, mas não há como resolver o desgaste normal do material e das personagens. Sem algo que realmente seja diferente ou novo, é apenas mais um filme a somar à sequência, e a bilheteira reflectiu isso mesmo, regredindo em comparação ao filme anterior. O roteiro é relativamente simples: um ano depois do nascimento dos seus três filhos, Shrek e Fiona estão a organizar uma festa de aniversário grandiosa aos pequenos. Eles são felizes e está tudo a correr bem mas, para desgosto de Shrek, a vida dele nunca mais voltou a ser como era: ao invés do sossego do pântano e de se sentir ameaçador como ogre, ele sente que se tornou uma atracção turística que não assusta ninguém. Desejando mudar tudo, mas não sabendo bem como, é enganado pelo anão Rumpelstiltskin, que é perito em contractos mágicos fraudulentos e enganadores. Assim, com uma assinatura, vende-lhe o dia em que nasceu, permitindo ao anão alterar toda a sua vida e criar uma realidade alternativa, para onde Shrek é enviado, e na qual ele nunca viveu no pântano, nunca salvou Fiona… e nunca nasceu. Sinceramente, o filme parece-me satisfatório na medida em que não parece tão confuso e tão absurdo quanto *Shrek o Terceiro*. A história é boa, mas pode ainda ser algo confusa para os mais jovens, que podem não compreender o paradoxo criado no filme. Outro problema do roteiro é a escolha do vilão: de facto, a não ser que se seja um fã inveterado dos contos, poucos saberão quem é Rumpelstiltskin! É um vilão desconhecido e sem carisma. Em contrapartida, o filme transporta uma mensagem muito didáctica acerca da importância de darmos valor ao que temos enquanto o temos, e não apenas quando deixamos de ter. E nunca Fiona nos pareceu tanto a heroína nem tão distante da princesa de contos de fadas regular! O restante já conhecemos, já vimos três filmes na franquia e é difícil fazer algo mais que nos surpreenda. O material está gasto. Como tem sido a regra nesta sequência de filmes, os actores de voz foram mantidos e são quase os mesmos que já ouvimos trabalhar desde o primeiro filme *Shrek*. Geralmente, o trabalho deles continua a ser impecável e, se falhas há, devem-se mais à escrita de alguns diálogos, sendo que há alguns que são bastante cliché e carregados de frases-feitas, mas isso acaba sendo um mal menor, compensado largamente pela melhoria geral das piadas. A nível técnico, o filme é muito bom e não fica atrás dos dois primeiros. A animação foi muito bem feita e o visual é excelente, com cores grandiosas e um excelente uso da luz e do contraste. O filme é bastante mais rápido que os antecessores, com muito mais cenas de acção e de luta, e isso ajuda muito a tornar o filme mais apelativo e interessante. A banda sonora é boa e volta a apostar em êxitos da música ‘pop’ como *Isn’t It Strange* dos Scissor Sisters, além de um belo e bem-vindo “cover” da canção *One Love* na voz inconfundível de António Banderas.