Rebecca, A Mulher Inesquecível
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Rebecca, A Mulher Inesquecível (1940)

23/03/1940 Drama, Mistério, Romance, Thriller 2h 10min

79%

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A sombra dessa mulher obscureceu seu amor

Sinopse

Uma jovem de origem humilde (Joan Fontaine) se casa com um riquíssimo nobre inglês (Laurence Olivier), que ainda vive atormentado por lembranças de sua falecida esposa. Após o casamento e já morando na mansão do marido, ela vai gradativamente descobrindo surpreendentes segredos sobre o passado dele.

Críticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 12 de Abril de 2024

**Um dos grandes filmes da carreira de Hitchcock.** Alfred Hitchcock era, verdadeiramente, um mestre, e não há muito directores que possam apresentar um currículo tão vasto, tão rico e tão merecedor de aclamação. Por ironia, não ganhou um único Óscar pelo seu trabalho como director e mesmo este filme, que foi um dos mais premiados da sua obra, arrecadou somente dois Óscares (Melhor Filme e Melhor Cinematografia a Preto-e-Branco) na cerimónia de 1941. O filme foi produzido por David O. Selznick através do seu próprio estúdio, que então se afadigava a concluir e a lançar “E Tudo o Vento Levou”. Ele adquirira os direitos para filme cinematográfico do romance original, de Daphne du Maurier, e esperava que Hitchcock fosse fiel ao material. Ele fez-lhe a vontade a contragosto, mas impôs os seus métodos de trabalho profundamente detalhistas atrasando bastante as filmagens, no que foi só um dos pontos de fricção entre produtor e director. As coisas chegaram ao ponto de Hitchcock proibir a entrada de Selznick no “seu” estúdio e impedir as suas interferências, filmando apenas o que pensava que ia utilizar a fim de restringir o corte final. Escusado será dizer, acredito, que Hitchcock nos brindou com mais uma obra memorável e digna da estante de todo o cinéfilo. A cinematografia, a preto e branco, é modelada com enorme cuidado e beleza, recorrendo a algumas técnicas bastante inovadoras para a época. A banda sonora também funciona maravilhosamente e é muito atmosférica. Os cenários da mansão e os figurinos também foram pontos em que a produção investiu bastante e se aplicou, de maneira a conferir maior realismo. Parece que os exteriores da casa eram, de facto, um modelo à escala. O roteiro é impressionantemente eficaz: após um namoro rápido, um homem muito rico casa-se com uma jovem de origens modestas e leva-a para a sua impressionante mansão. No entanto, ele era um viúvo recente, e a casa está cheia de recordações perturbadoras do anterior casamento, como se a primeira esposa ainda perambulasse por ali, e se tornasse numa presença palpável que ameaça separar o casal. Há pelo meio mais elementos, como a estranha obsessão da governanta da casa pela sua anterior patroa, a quem devotou uma lealdade bizarra, e o adensar dos mistérios levam a um final surpreendente, pelo que vale a pena não ler nada sobre o filme antes de o ver na totalidade. Claro, se pensarmos sobre isso, torna-se incompreensível que, com uma nova esposa, aquele homem tenha mantido a governanta em sua casa, juntamente com todos os objectos que pertenceram à finada… Joan Fontaine foi escolhida para a personagem principal, dando-nos uma interpretação de qualidade, muito convincente. Ela parece estar à beira de um colapso nervoso durante um enorme período de tempo e isso foi o que certamente lhe rendeu o Óscar de Melhor Actriz por este trabalho, um dos melhores da sua carreira. Laurence Olivier faz também um bom trabalho e, apesar de ter detestado a escolha de Fontaine (ele pressionou a produção para dar o papel à sua companheira na vida real, Vivien Leigh) e não ter tido uma relação boa e amigável com a colega, é extraordinariamente competente quando estão juntos em cena. Judith Anderson também merece um louvor pelo seu trabalho.