Quanto Mais Quente Melhor (1959)
Marilyn Monroe e seus companheiros íntimos
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 2 de Setembro de 2022**Um dos melhores filmes de Curtis… e uma comédia eficaz e agradável.** Para muitos, este filme é simplesmente uma das maiores comédias de todos os tempos. Porém, eu tenho sérias dúvidas acerca disso. Na minha opinião, é uma boa comédia, entretém muito bem o seu público, e não há dúvida alguma do seu estatuto de clássico do cinema. Partir desta base razoável e colocar o filme nos píncaros como o melhor ou um dos melhores já parece descabido e exagerado. Mas é só o que eu penso. O roteiro ambienta-se durante o período da Lei Seca, época em que os bares clandestinos foram uma das maiores fontes de receita financeira dos mafiosos nas grandes cidades americanas. O roteiro parte deste contexto e cria uma história interessante e razoavelmente bem escrita, onde dois músicos de ‘jazz’ acabam por se tornar, sem o desejarem, testemunhas de uma chacina onde um grupo de mafiosos mata um grupo rival em Chicago. Isto, é claro, foi inspirado num incidente verdadeiro, muito famoso, o Massacre do Dia de São Valentim. Perseguidos e em perigo, eles decidem vestir-se como duas mulheres e escondem-se, como elementos de uma orquestra ‘jazz’ feminina que apanha um comboio até à costa, para actuarem num hotel. Claro, depois, começa a parte mais engraçada do filme, com as personagens a tentarem manter o disfarce em meio a peripécias românticas que se vão desenrolando. Além de um bom roteiro e de bons diálogos, o filme tem actuações muito boas de Tony Curtis e Jack Lemmon, os dois grandes protagonistas masculinos. Para mim, este é um dos filmes mais interessantes da carreira de ambos, e é muito bom ver a maneira como ambos contracenaram. Também gostei dos trabalhos de George Raft e Joe E. Brown, que dá alma e graça ao final, muito famoso e engraçado. Pat O’Brien também faz um bom trabalho, ainda que não acompanhe de perto os colegas. Mas o filme provavelmente ficou mais conhecido do público graças à estrela feminina, Marilyn Monroe. Porém, não gosto do trabalho dela aqui. Ela era uma extraordinária cantora, e as melhores cenas dela são aquelas onde ela canta… mas nunca a considerei uma boa e talentosa actriz (ela nem sequer conseguiu decorar o que tinha de dizer, e o director chegou a, praticamente, jurar que nunca mais trabalharia com ela): e, realmente, a performance dela no filme é irritante, transformando a personagem numa jovem sonsa e algo idiota. O filme não faz uma aposta muito forte nos aspectos técnicos, mas brinda-nos com cenários e figurinos de grande qualidade, bons efeitos e uma banda sonora eficaz. Desde o começo, assume um ritmo agradável que permite que as duas horas de duração passem sem nós perceberemos. Também apresenta uma boa cinematografia, com um trabalho de filmagem regular, que usa da melhor forma os locais de filmagem seleccionados.