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Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994)
Só porque você é um personagem, não significa que você tem caráter.
Sinopse
Michael Shamberg
Produtor ExecutivoStacey Sher
Produtor ExecutivoFilipe Manuel Neto
Escrita em 21 de Janeiro de 2023**Um dos filmes incontornáveis para se conhecer Tarantino… mas que eu acho que não é assim tão incrível como às vezes dizem ser.** Este foi um dos filmes que consolidou a carreira de Tarantino e que fez dele um dos realizadores “superstar” que, sempre que lança um filme, seja bom ou mau, atrai uma legião ao cinema. Eu nunca fui um fã dele e acho que continuarei a não ser. Ele fez alguns filmes de que eu gostei e outros que detestei. Não lhe chamaria regular, uma “aposta segura”, mas não podemos negar, é original, é fiel ao seu estilo e não parece preocupado em agradar a ninguém. O filme segue mais de uma trama: temos um casal de bandidos violentos que tenta assaltar uma cafetaria, temos um lutador de boxe em fim de carreira que tem de fugir após vencer uma luta que tinha combinado que iria perder, temos um par de assassinos a soldo de um mafioso que são encarregados de recuperar uma mala roubada, e temos ainda a namorada caprichosa desse mesmo mafioso, cujo tédio obriga o seu queridinho a destacar um dos seus assassinos para fazer de babysitter para ela. O que os une a todos? Além do facto de se irem naturalmente cruzando, todos fazem parte do mesmo universo violento, brutal e marginal. Para muitos, este filme é um dos melhores da década de 90. Eu nunca o consideraria como tal, isso é, para mim, um exagero. É razoavelmente bom, ganhou estatuto cult, tem fãs, mas não é uma obra-prima, não para mim. Não é um filme maçador, não nos cansa, tem um bom ritmo e as várias sub-tramas entrelaçam-se muito bem, com habilidade e elegância. Há imensa violência, calão pesado e drogas, e isso pode realmente ser desagradável nalguns momentos, eu também senti isso. Todavia, essa linguagem mais pesada, as drogas e a violência acabam por ser já parte natural do submundo de crime e de marginalidade onde as personagens se movimentam, então é algo com o que nós podemos contar logo à partida. E não há personagens simpáticas, que nos possam suscitar alguma empatia, de modo que pouco nos importa se vivem ou se morrem das maneiras mais desagradáveis (e algumas delas sofrem bastante). Tudo isto são qualidades, e serão ainda mais valorizadas por quem estiver mais familiarizado com o subgénero literário “pulp”. Eu não estou, não faz parte da minha cultura, e eu tive até de ir procurar na Internet para entender o que isso era, e quais as suas características. Apesar disso, há algumas coisas neste filme que eu realmente não gostei ou me pareceram exageradas. Uma delas são os diálogos. Há cenas com imensos diálogos, diálogos sem qualquer interesse, que se podem debruçar sobre temas fastidiosos, apenas porque sim. Um deles, logo ao início do filme, é sobre massagens nos pés, só para dar um pequeno exemplo. Há muitas cenas que parecem exageradamente arrastadas à custa destes diálogos infindáveis. Também acho que o filme tem demasiadas imagens de pés descalços. Tarantino ganhou fama de fetichista, mas sempre disse que não o era… vendo este filme torna-se difícil acreditar nele. E uma das personagens, que é um assassino, faz uma longuíssima citação da Bíblia… é o tipo de “literatura” que eu acho que um assassino do submundo provavelmente não saberia de cor. Os actores são muito bons, temos vários nomes notáveis: John Travolta é excelente no papel que lhe foi dado, com aquele fato preto e o cabelo empastado em azeite. Samuel L. Jackson não fica atrás, e Uma Thurman está fantástica. Eu diria que, pelo menos, Thurman e Travolta atingem neste filme interpretações ao nível do melhor das suas respectivas carreiras. Bruce Willis não é mau, mas simplesmente não é tão interessante. Gostei de ver a minha conterrânea Maria de Medeiros no seu único grande papel internacional, tenho pena que ela não tenha conseguido ir mais além, mas a vida é assim. Tarantino também aparece no filme, e seria muito melhor que não o tivesse feito. É um canastrão como actor. Tecnicamente, o filme tem muitas qualidades, a começar pela excelente cinematografia, com cores vivas e boa luz. Há excelentes cenas de acção, para todos os gostos, e a banda sonora faz bom uso de vários temas musicais que conhecemos muito bem.
Marte
Escrita em 19 de Março de 2024Pulp Fiction é um filme engraçado, violento sem ser (muito) desconfortável, e muito bem executado, com ótima atuação. A trama ser dividida em três partes, o que é incômodo para algumas pessoas, na verdade me ajudou a me manter presa na história por 2h30 – sem reclamar nem piscar! Em geral, não sou fã de suspense, nem de filmes com violência explícita, mas aqui a fórmula funcionou bem até para uma pessoa como eu que evita esse tipo de filme. Penso que a comédia no ponto ajudou a me cativar. Não há nada que já não tenha sido dito por outras pessoas sobre esse filme e que eu possa dar um _insight_ novo – e admito que assisti pela primeira vez agora, em 2024, justamente por torcer o nariz para os filmes do Tarantino. Entretanto, uma coisa que me impede de colocar esse filme na lista dos favoritos é que eu achei coisa de _macho_ demais – e isso não é um elogio. Tudo nesse filme cheira a macho, gira em torno de macho, e a única personagem feminina do filme está associada à história de um homem. Não é querendo pagar a chata que problematiza tudo, eu realmente achei o filme bom, mas sabe quando a fórmula macho demais não te pega? Então... Foi meu caso.