Prenda-Me se For Capaz (2002)
A história real de um verdadeiro impostor.
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 15 de Novembro de 2020**Entretém e diverte o público.** Dirigido por Steven Spielberg, que consegue com este filme mais um êxito para a sua já longa lista de sucessos cinematográficos, este filme baseia-se muito ligeiramente na vida de Frank Abagnale, Jr., um conhecido vigarista norte-americano que, na sua juventude, se destacou pela habilidade com que falsificava cheques, ao ponto de trabalhar hoje em dia como consultor de segurança neste sector. O filme acompanha as origens e a vida da personagem principal, bem como a forma original e ousada como vai escapando à justiça até ser invariavelmente apanhado. Além de ser um filme extremamente divertido de ver, com um jogo de gato e rato cheio de momentos cómicos e algum melodrama familiar para dar alguma densidade dramática à personagem principal, conta com dois extraordinários actores num momento excelente das suas carreiras: Leonardo DiCaprio é carismático, talentoso, e ainda jovem o bastante para dar vida a uma personagem adolescente; Tom Hanks surge mais contido e num papel de maturidade, mas carregado de carisma e personalidade Ambos os actores são bons e se complementam mutuamente, partilhando o protagonismo e criando uma colaboração boa e agradável de sentir. O filme conta ainda com Christopher Walken e Martin Sheen em papéis secundários. Walken sobressai particularmente, com uma personagem apelativa e diálogos carregados de impacto e significado. Não senti que o filme sobressaísse pelos aspectos mais técnicos. O seu valor assenta no desempenho dos actores, na história contada e na forma como nos entretém e diverte. No entanto, é um filme dirigido por Spielberg e isso costuma significar qualidade: de facto, o filme tem uma excelente cinematografia e foi muito bem filmado. A cor, a luz, todo o trabalho de câmara e de edição foram feitos com excelência e atenção aos detalhes. Por ser um filme ambientado nos anos Sessenta, conta ainda com uma série de detalhes que nos transportam para essa época (os automóveis usados, os cenários e mobiliário que vão surgindo, a presença de algumas marcas e emblemas icónicos da época, nomeadamente no que diz respeito à aviação comercial, as roupas e figurinos, a moda e os penteados), e que transpiram credibilidade, verosimilhança e rigor histórico. Creio que devo ainda dar destaque à forma engenhosa e divertida como os créditos iniciais foram concebidos, sendo um elemento que, logo desde o início, anuncia a tónica e o ambiente do filme que vamos ver. Por fim, mas não menos importante, a boa banda sonora, assinada por John Williams.