Pedro Quintão
Escrita em 23 de Abril de 2025
A saga Final Destination sempre à luz de um conceito simples e que sempre soube como entreter os fãs de terror. Contudo, quando chegamos a The Final Destination (2009), percebemos que a fórmula não só começa a acusar o desgaste, tal como é tratada com um desleixe que beira o desrespeito pelo próprio legado da saga.
Revisitando este quarto capítulo, 15 anos após o assistir pela última vez, senti que ainda é pior do que pensava. Aquilo que outrora teve uma aura de guilty pleasure, revela-se agora como um exercício cringe de cinema genérico, mais interessado em exibir o CGI datado e tentar deslumbrar com efeitos 3D forçados, em vez de criar tensão ou envolvimento narrativo. O protagonista, interpretado por Bobby Campo, é desprovido de qualquer presença de carisma: inexpressivo, passivo, desinteressante. Nunca sentimos que lidera a história, antes parece ser arrastado por ela, como um figurante perdido num argumento que exige uma ligeira força emocional que ele não consegue oferecer.
E se o protagonista falha, os restantes personagens estão num nível ainda mais abaixo. São moldes vazios, estereotipados e que se limitam a servir de corpo para a próxima cena de morte. A própria saga nunca primou pelo desenvolvimento profundo das suas personagens, mas aqui a falta de cuidado é aberrante, como se estivéssemos a ver um telefilme de uma produtora de segunda linha como a Asylum, conhecida por obras como Sharknado.
O CGI é, sem exageros, um dos piores já vistos num blockbuster da década de 2000. As mortes não têm impacto, porque tudo soa falso, plastificado, como se estivéssemos a ver uma cutscene de videojogo mal renderizado da era da Playstation 3. O grande acidente inicial, ambientado numa corrida de carros, é o mais fraco de toda a saga: previsível, sem tensão, mal editado, sem peso, sem impacto e sem qualquer marca de criatividade. Aquilo que nos outros filmes funcionava como um soco no estômago, aqui é uma chapada sem força.
O filme até tenta esconder as suas falhas técnicas com um uso forçado do 3D, que foi uma moda da época de lançamento, mas esse artifício apenas evidencia ainda mais o seu vazio artístico. Há uma total ausência de suspense. As mortes, que antes nos faziam olhar com receio para o quotidiano, agora surgem sem qualquer impacto, sem timing, sem alma. O pior de tudo é que a própria morte é, praticamente, uma personagem invisível capaz de arrastar latas de spray ou de desaparafusar parafusos.
Para mim, só existiram dois momentos que se salvam: a sequência final no centro comercial, que mostra alguma tensão ao tentar assustar-nos com um objeto do quotidiano e os créditos iniciais, com uma montagem frenética que homenageia as mortes dos filmes anteriores. Mas isto é insuficiente para elevar uma obra que falha em quase tudo.
The Final Destination não é apenas um filme fraco, é um retrocesso. Um ponto baixo numa saga que, apesar das suas limitações, soube entregar entretenimento eficaz em entradas anteriores. Este capítulo, por outro lado, é um exemplo claro de como uma boa ideia pode ser destruída por más decisões, más interpretações e uma total falta de ambição.