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Pearl Harbor (2001)
Uma história de amores, perdas e grandes heróis.
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 12 de Dezembro de 2018**Uma oportunidade perdida.** A Segunda Guerra Mundial é, sem dúvida, o conflito que o cinema mais retractou. A lista de filmes é quase inesgotável, mas a lista de filmes bons é bem menor, e não sei se "Pearl Harbor" pode entrar. Abordando o ataque japonês a Pearl Harbor, o principal porto militar americano no Pacífico, o filme tem grandes problemas. Michael Bay tentou fazer um esforço para obter realismo, precisão histórica, romance (a história principal é um triângulo amoroso onde dois amigos de infância se envolvem com a mesma mulher) e efeitos especiais, tentando fazer algo diferente e melhor do que os seus concorrentes directos, com quem seria inevitavelmente comparado (por exemplo, o consagrado "Tora Tora Tora" ou o mais recente "Resgate do Soldado Ryan"). Apesar de todo o trabalho, o filme exagera em tudo e isso fê-lo perder qualidade. Por exemplo, a história de amor que perpassa todos os acontecimentos (desde a Batalha da Inglaterra até ao Raid de Doolittle) é tão sentimental e cliché que parece ter sido copiada de um romance barato. O filme é tão açucarado que chegou a ser comparado a "Titanic". Para piorar, as personagens foram tão mal construídas que o público não se importa com elas. Que interesse tem se a miúda namora com um deles, com os dois ou vai para um convento? Embora tenham ganhado fama com este filme, Ben Affleck, Josh Hartnett e Kate Beckinsale não foram capazes de brilhar e certamente não terão boas memórias do filme. Outros problemas do roteiro são a perspectiva "a preto e branco" da guerra e a incapacidade de retractar os factos fora da sua "versão canónica": os americanos são os bons, os japoneses são os maus que atacaram à traição aquele pequeno paraíso etc. Embora o filme mostre que havia perigo iminente de ataque e que tal perigo foi desacreditado, nunca mostra o interesse que os EUA tinham de provocarem o ataque, a fim de poderem justificar a sua entrada numa guerra que faria com que a economia (ainda a recuperar da crise de 29) ganhasse força. Há indícios de que os EUA provocaram o Japão até serem atacados. O filme ignora isso, preferindo retratar o heroísmo americano... mas a precisão histórica não se deve limitar à escolha de um avião ou à pintura de um navio, também (e principalmente) deve ser usada na forma como a história é contada. Isso não aconteceu aqui. Se o roteiro é mau e muito frágil, o filme melhora quando observamos as questões técnicas. Os efeitos especiais são o estado da arte quando o filme foi lançado, mas acabam por chamar demasiado a nossa atenção, parecendo tão grandiosos que você deixa de acreditar no que está a ver. Você não sente o perigo, você sabe que eles vão sobreviver por um fio de cabelo, enfiando o avião através de um buraco numa agulha ou algum outro meio inacreditável. Então você apenas vê e espera que eles acabem de brincar com os aviões e explodir coisas. A banda sonora é esquecível, com as melhores canções a serem, de facto, alguns sucessos dos anos Quarenta que foram introduzidos no filme.