O Pentelho (1996)
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 25 de Abril de 2018**Uma crítica velada, mas cheia de humor.** Jim Carrey não é o tipo de actor cómico que agrada a todos e, por isso, conquistou uma enorme legião de fãs e inimigos. No entanto, o seu talento é inegável, assim como a sua capacidade de fazer bons filmes, quando ele tem a equipa certa para trabalhar. Mas neste filme faltava algo para produzir sucesso. Talvez o filme fosse complexo demais para o seu inexperiente argumentista, Lou Holtz Jr., que faz aqui o seu único trabalho cinematográfico. Na verdade, é um filme complexo e às vezes perturbador: o drama cómico de um operador de TV Cabo, com complexos sérios causados pela solidão, por uma mãe ausente e uma vida marcada por incontáveis horas diante do aparelho de TV. Uma maneira engenhosa e divertida de criticar o modo exagerado com que a nossa sociedade actual vive e absorve televisão. Jim Carrey voltaria, alguns anos depois, a criticar a indústria da televisão por meio da sua participação em "Truman Show: A Vida em Directo". Mas, na época em que este filme foi lançado, ele não era o tipo de actor que costumava fazer trabalhos sérios, o que pode ajudar a explicar a dificuldade que o público teve para digerir e entender as críticas veladas detrás da sua personagem, engraçada de uma maneira muito séria e sinistra. O ambiente obscuro do filme e a fotografia, sombria e carregada, ajudaram a reforçar esse tom, criando um contraponto às piadas e momentos humorísticos de Carrey. Matthew Broderick tem outra das mais notáveis personagens da trama, mas nunca se mostra capaz de lidar com o talento do seu colega, ficando sempre dois passos atrás de Carrey. O resto do elenco é praticamente figuração, para a qual algumas falas foram dadas. Desconfortável, perturbador, engraçado mas sempre reticente, este filme não foi feito para agradar a todos os públicos, e isso de certa forma resultou no seu próprio mal-entendido.