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Homem Morto (1995)
73%
Avaliação dos usuários
Sinopse
Jim Jarmusch
Diretor, RoteiristaDemetra J. MacBride
Produtor
Filipe Manuel Neto
Escrita em 4 de Julho de 2023**Um filme algo surrealista, com valor, mas que não é para todos os gostos.** Este filme é um pouco desconcertante. É um ‘Western’ descomprometido, frontal, muito cru e às vezes difícil de compreender. Tudo começa com William Blake, um contabilista da costa Leste, a ir comboio para um lugar remoto no Oeste, para aceitar um trabalho na empresa de um rude industrial sem escrúpulos. Acontece que a vaga foi preenchida por outra pessoa: no fim do dia, desmotivado, vai para a cama com uma prostituta e acaba por matar um homem que a tentou matar por ciúmes. Esse homem era o filho do dono da fábrica, que manda capangas atrás de Blake, que não sabia disso e foge, acabando na companhia de um estranho índio chamado Ninguém. O filme tem grande nota artística. Tem uma cinematografia a preto e branco excelente, faz um uso inteligente da luz, da sombra, dos ângulos e enquadramentos de filmagem. Os cenários e figurinos são muito bons: não são particularmente rigorosos do ponto de vista histórico, o filme não teve preocupações em enquadrar-se rigorosamente no tempo e no espaço pelo que a estética se sobrepõe ao realismo da recriação. No entanto, o valor estético é notável e dá-nos uma visão crua, rude e suja do Oeste. Jim Jarmusch assegura uma direcção eficaz, que tira o melhor partido do que tem nas suas mãos. Há certo bom número de efeitos visuais e a banda sonora, assente na guitarra eléctrica, é atmosférica e de alguma forma encaixa-se no filme com eficácia mesmo que não seja nunca uma das bandas sonoras que vamos querer ter em CD. O filme conta com uma série de bons actores dos quais Johnny Depp se destaca de uma forma quase natural. Ele ainda era jovem aqui, mas mostrava já o seu gosto para fazer as personagens mais bizarras. No entanto, e talvez pela bizarria do filme em si, não é uma das obras grandes do actor. Iggy Pop, Robert Mitchum e Crispen Glover também estão aqui e fazem um trabalho interessante e sincero, em personagens rudes, duras, de poucas falas e muita presença e impacto. O grande problema do filme – e é realmente grande – é ser tão aparentemente complexo e quase surrealista. Por vários momentos se sugere que a personagem interpretada por Depp é um homem que já está morto, e há quase uma sinestesia entre o contabilista e o seu homónimo britânico, que foi artista e poeta e que estaria, à data dos acontecimentos do filme, realmente morto! É muito estranho, e tal estranheza faz com que este não seja um filme para todos os gostos.
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