Hoffa: Um Homem, Uma Lenda
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Hoffa: Um Homem, Uma Lenda (1992)

25/12/1992 Crime, História 2h 20min

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O homem que estava disposto a pagar o preço pelo poder.

Sinopse

História da vida de Jimmy Hoffa (Jack Nicholson), um poderoso líder sindical, que desapareceu misteriosamente, sem nunca ter sido encontrado. Mostra sua luta para construir um sindicato trabalhista, seu envolvimento com a máfia e o tempo que passou na prisão. Personagens reais se misturam com fictícios.

Críticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 25 de Maio de 2022

**Quem tramou Jimmy Hoffa?** O mistério em torno do desaparecimento e morte de Jimmy Hoffa é talvez um dos casos policiais por resolver mais interessantes e famosos dos EUA. Hoffa era um dos mais importantes líderes sindicais e socialistas norte-americanos: ele era um militante sindical antigo, prestigiado, cujas acções foram determinantes na formação de um dos maiores sindicatos do país, o sindicato dos motoristas de camião. Acontece que, tal como o filme mostra, Hoffa se envolveu muito cedo na teia da Máfia, permitindo que o crime organizado se financiasse à custa dos fundos de pensões do sindicato em troca de avultadas contrapartidas. Preso e afastado de cena, Hoffa tornar-se-á incómodo após ser liberto, desaparecendo sem nunca se perceber como, quando e quem o matou efectivamente. O filme, de acentuado cunho épico, faz-nos sentir como se estivéssemos diante de uma grande obra cinematográfica. De facto, com quase duas horas e meia de duração, é um filme grande, mas não é um daqueles que eu colocaria no panteão dos mais consagrados. A direcção de Danny DeVito é eficaz, muito honesta e competente, e imprime ao filme uma série de recursos visuais e estilísticos interessantes, mas não produziu um filme tão eterno quanto o director desejava: o filme foi um fracasso de bilheteira, a crítica não foi simpática e os prémios mais almejados pura e simplesmente ignoraram-no. Isso pode, em parte, resultar da ambiguidade do filme, que quer exaltar o trabalho de Hoffa à frente do sindicato, mas não pode evitar mostrá-lo, também, como um homem corrupto e inescrupuloso, maculado pela sua ligação ao submundo do crime. Para o público americano, familiarizado com esta figura, a questão não se coloca tanto, mas senti que o filme parte do princípio que o público conhece a vida de Hoffa, pelo menos de modo genérico, o que não é o meu caso. A solução foi, claro, ler alguma coisa sobre ele, mas nem todos têm a paciência que eu tenho e penso que isto limitou muito o público que o filme poderia captar. O papel principal é habilmente assegurado por Jack Nicholson. Confesso que nalgumas cenas eu quase não o conheci, e sinto que nessas cenas ele terá tido necessidade de maior maquilhagem, ou de alguma suplementar para parecer mais velho. O actor brilhou, fez um trabalho excelente e meritório, mas Danny DeVito não lhe fica muito atrás, numa personagem densa que condensa em si mesma retalhos de muitas pessoas reais que gravitaram em torno de Hoffa. O filme aproveita muito bem a cinematografia e tem vários ângulos de filmagem originais e bem executados (a cena onde DeVito, numa casa de banho, ri estrondosamente à medida que o seu reflexo surge, ininterruptas vezes, nos espelhos, é das mais notáveis). Há uma série de filmagens boas em vários locais, mas também em estúdio. Os cenários e os figurinos são bons o bastante e ajudam-nos muito a perceber os avanços e recuos temporais do roteiro (de facto, falta inserir aqui mais alguns elementos que nos façam distinguir claramente as épocas e períodos do ano). Por fim, uma palavra de apreço para os efeitos visuais e especiais, muito bem utilizados, e ainda para a banda sonora, que executa o seu trabalho realmente muito bem.