Herege

Herege (2024)

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31/10/2024 Terror, Thriller 1h 51min

72%

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Escrever uma Crítica

Sinopse

Duas jovens missionárias são forçadas a provar sua fé quando batem na porta errada e são recebidas pelo diabólico Sr. Reed, ficando presas em seu jogo mortal de gato e rato.

Críticas dos Especialistas
Pedro Quintão

Pedro Quintão

Escrita em 28 de Novembro de 2024

Fui ver Heretic sem grandes expectativas e saí da sala de cinema agradavelmente surpreendido. Este não é um típico filme de terror, pelo que é importante ajustarmos as expectativas antes de o vermos. Na verdade, trata-se mais de um thriller religioso com algumas pinceladas de terror, mas que nunca chega a incorporar verdadeiramente o género. E, para mim, isso é uma das suas grandes forças: é um filme sólido, com um argumento muito bem construído e uma abordagem que explora temas profundos e relevantes. O que torna Heretic especial é a sua capacidade de ir além do entretenimento superficial, funcionando quase como uma aula de teologia, levando-nos a refletir não apenas durante o filme, mas também horas após a sessão, deixando-nos a debater sobre as questões que levanta. É um tipo de cinema raro, que não se limita a chocar ou assustar, mas que nos desafia a pensar, a questionar e a dialogar. O argumento, escrito e realizado por Scott Beck e Bryan Woods, é um dos grandes trunfos da obra. Esta dupla, que já nos tinha brindado com Haunt em 2019 (um dos meus filmes de terror de halloween favoritos dos últimos anos), mostra aqui uma maturidade criativa impressionante. Embora existam ecos de Haunt no modo como a tensão é construída e como o medo se insinua subtilmente, Heretic segue um caminho mais complexo e menos visceral. Onde Haunt apostava em sustos e no terror direto, Heretic prefere explorar as zonas cinzentas da moralidade, da fé e do poder das instituições religiosas. Um dos aspetos mais fascinantes de Heretic é a sua mensagem, aberta a múltiplas interpretações. Para mim, o filme não é concretamente uma crítica à própria religião, mas sim uma reflexão sobre a forma como as instituições religiosas controlam e moldam as pessoas. Este é um tema delicado e controverso, mas o filme trata-o com uma nuance e uma profundidade que merecem ser aplaudidas. É fácil cair em simplismos ou polarizações quando se aborda a religião, mas Heretic evita essas armadilhas, entregando uma visão ponderada e inquietante. A nível de interpretações, Hugh Grant brilha como o vilanesco Mr. Reed, um papel que lhe permite mostrar um lado sombrio e manipulador que raramente vimos na sua carreira. Por outro lado, Sophie Thatcher e Chloe East destacam-se como protagonistas, oferecendo performances repletas de autenticidade e profundidade emocional. Ambas provam que são jovens atrizes com um futuro brilhante pela frente. O único ponto negativo, a meu ver, foi o desfecho. Não sei como explicar, mas senti que existiu algo que não correu bem, quase como se o professor decidisse encerrar a interessante aula de teologia de forma abrupta e um pouco corrida. Heretic não é para todos, mas é uma experiência cinematográfica que vale a pena. Longe de ser um filme de terror convencional, oferece uma abordagem única e refrescante, misturando thriller religioso com questões teológicas. Com um argumento sólido, uma realização cuidadosa e interpretações memoráveis, é uma obra que desafia o espectador a refletir e a questionar, enquanto entretém de forma subtil e inteligente. Se procuram algo mais cerebral e menos tradicional no género, Heretic é, sem dúvida, uma escolha a considerar.

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