Gata em Teto de Zinco Quente

Gata em Teto de Zinco Quente (1958)

29/08/1958 Drama 1h 48min

76%

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Apenas um travesseiro na cama... e apenas um desejo em seu coração!

Sinopse

Brick, um ex famoso jogador de futebol, agora alcoólico, rejeita a bela mulher Maggie, culpando-a de ter abandonado a sua carreira profissional. De igual modo, Brick rejeita também o seu pai, Harvey, que está morrendo com um câncer, porque nunca mantiveram uma relação aberta e são demasiados orgulhosos para se tornaram próximos agora. No aniversário de Harvey, a família encontra-se reunida, incluindo o seu outro filho, um ambicioso advogado, acompanhado pela mulher, uma pessoa demasiado intrometida. Será nesta noite inesquecível, que todas as verdades serão ditas...

Críticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 30 de Janeiro de 2021

**Um clássico notável.** Este filme é baseado num interessante texto de Tennesse Williams, uma peça de teatro que já se tornou um clássico do teatro norte-americano. Portanto, acredito que as expectativas para o filme fossem altas, quando ele estreou, para o público anglófono. Para mim, que não conheço a obra de Williams, é diferente: não posso comparar o filme com um livro que nunca li ou uma peça de teatro que nunca vi. O roteiro centra-se numa festa de aniversário, na plantação sulista de Big Daddy. A festa reúne a família toda porque se sabe que ele vai morrer em breve, mas isso é algo que todos decidiram esconder-lhe. Ele tem dois filhos: Gooper, o filho mais novo, sempre fez tudo o que o pai queria, casou com uma mulher interesseira e tem uma colecção de filhos irritantes; por outro lado, Brick é o oposto, nunca tendo tido um relacionamento fácil com o pai. Alcoólico em virtude de uma mágoa do passado e de uma carreira desportiva fracassada, casou com a bela Maggie, a “Gata”, de quem ninguém na casa parece gostar. Quando Big Daddy volta do hospital, certo de que está bem de saúde, aproveita para dizer muito do que sempre pensou a cada um dos presentes. Isso vai ser o catalisador para que muitos segredos de família sejam revelados ou desenterrados. Achei o filme bastante interessante pela forma como joga com um momento familiar trivial – uma festa de aniversário – para criar um verdadeiro drama familiar. Não preciso de ler o livro de Williams para acreditar que o filme lhe foi fiel: mesmo sem o ter feito, dou crédito ao trabalho do roteirista, mesmo sabendo que certos aspectos, como as alusões à homossexualidade, foram bastante minoradas. Porém, não compreendi por que razão Maggie é chamada (ou chama a si mesma) de “Gata”, muito embora compreenda que ela não se sente desejada pelo marido. O filme conta com um elenco luxuoso e notável, que se sai muito bem tanto pelo empenho quanto pela qualidade dos seus diálogos. Burl Ives merece destaque pelo empenho com que encarna a sua personagem, mas Paul Newman não lhe fica atrás e é excelente na forma como dá a Brick mais dor, mais intensidade psicológica do que se podia esperar. Elizabeth Taylor, ao seu lado, obtém com este filme uma das interpretações mais icónicas da sua carreira, apesar de a personagem ser bastante secundária na história contada. Ela consegue dar fazer de Maggie uma personagem agradável, que é profundamente interesseira, mas consegue ser humana e ter um grande coração também. Ela estabelece uma colaboração e uma química com Newman que é admirável. Jack Carson e Madeleine Sherwood são bastante competentes nos seus papéis. Tecnicamente, é um filme muito contido, deixando a interpretação dos actores falar por si. A cinematografia é extraordinariamente bonita para um filme com tantos anos, as cores são vívidas e a luz foi muito bem utilizada, tal como a chuva e a noite, com uma tempestade fora de casa a acompanhar a tempestade que se desenrolava no interior. Os figurinos e cenários são muito bons, a casa parece-se muito com a plantação de Twelve Oakes, de *E Tudo o Vento Levou*. A banda sonora cumpre o seu papel.