Fausto (1926)
A Voz do Tentador.
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 23 de Janeiro de 2020**Muito bem feito tecnicamente, tem boas actuaçÔes e merece ser revisitado.** Dirigido por F.W. Murnau, este filme de contornos expressionistas Ă© um clĂĄssico. Para este filme, o conto original imortalizado por Goethe foi ligeiramente modificado, mas funciona bastante bem. Murnau dirigiu habilmente o filme, carregado de sombras e jogos de luz, o que lhe dĂĄ uma certa elegĂąncia, acentuada pelos figurinos e pelos cenĂĄrios, nebulosos e indistintos. No que diz respeito a este ponto mais tĂ©cnico, as cenas entre o Anjo e o DemĂłnio, bem como a cena em que Fausto invoca as forças do mal sĂŁo particularmente notĂĄveis, tendo usado os melhores efeitos visuais do seu tempo. Tratando-se de um filme mudo, a mĂșsica Ă© importante e funciona muito bem, casando-se perfeitamente com o que vemos na tela. Ao longo do filme existe uma atmosfera tensa, onde as personagens conseguem uma agradĂĄvel profundidade dramĂĄtica, muito especialmente Marguerite, que Ă© interpretada muito bem por Camilla Horn, que quase a torna uma mĂĄrtir da acção nefasta do mal. Fausto, como nĂŁo podia deixar de ser, Ă© culpado da sua vaidade mas, observe-se, usa as forças do mal muitas vezes em proveito de outros e nĂŁo de si mesmo. Ele Ă© o centro da histĂłria e Gösta Ekmann, o actor que lhe deu vida, soube perfeitamente como captar a essĂȘncia da personagem. Mas ainda melhor que todos eles Ă© Emil Jannings, que deu vida a MefistĂłfeles, o grande tentador carregado de malĂcia e de astĂșcia. Provavelmente, uma das melhores performances deste actor. Apesar de estar um pouco esquecido, como quase todos os filmes do perĂodo mudo, este filme tem qualidade e merece ser revisitado pelos novos pĂșblicos de hoje em dia.