Era Uma vez no México

Era Uma vez no México (2003)

11/09/2003 Ação, Drama, Mistério 1h 42min

63%

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Sinopse

O barão das drogas Barillo está planejando assassinar o presidente do México e tomar o poder. O corrupto agente da CIA Sands recruta o músico El Mariachi para deter os planos do criminoso. Mariachi estava aposentado desde a morte de sua esposa e filha e não quer mais matar, mas ele pode não ter escolha.

Robert Rodriguez

Diretor, Roteirista, Produtor

Elizabeth Avellan

Produtor
Críticas dos Especialistas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 12 de Setembro de 2023

**Toneladas de acção estilizada, um orçamento chorudo, um roteiro reduzido à mínima expressão e uma enorme lista de actores sem nada para fazer.** Só quando vi este filme é que percebi que é o último filme de uma trilogia que começa com “Mariachi”. Contudo, vi-o depois de ter visto “Desperado” e isso permitiu-me ter um entendimento melhor da história, que continua onde este filme parou: o pistoleiro e a namorada são perseguidos por um traficante de drogas até ao dia em que os homens dele consegue matar a rapariga. Devastado pela perda, o Mariachi retira-se para viver os seus dias em amargura. Passados uns tempos, é chamado por um agente da CIA, que lhe dá a oportunidade de se vingar enquanto impede o sucesso total de um golpe militar que irá assassinar o presidente mexicano. Parece confuso? Talvez porque o é! O roteiro é subscrito, muito alinhavado, sem grande beleza, cuidado com detalhes ou apuro estilístico, e o texto acaba por ser dominado pelo que defini, de modo sarcástico, como “latinxploitation” quando escrevi para o filme “Desperado”: uma data de estereótipos baratos sobre latinos e mexicanos. E continuo a ter a sensação de que o filme não é vantajoso para a desmistificação dessas ideias pré-concebidas que bailam na cabeça da América branca anglo-saxónica e falante de inglês. Se em “Desperado” o director Robert Rodríguez já estava embebido nas cenas de acção e tiroteios espantosos, aqui ele perdeu a cabeça: há balas suficientes para outra invasão do Iraque. Para quem vive longe, o México pode parecer um país altamente corrupto e são sobejamente conhecidas as dificuldades que as autoridades enfrentam na luta contra cartéis bem armados, cruéis e com fortes aliados no estrangeiro. O filme, porém, dá dois passos adiante e transforma o México numa terra sem lei nem rei, onde manda quem tem mais armas e as mãos bem enfiadas na cocaína. Talvez por isso, o filme não teve muito apoio das autoridades do México e acabou por nem mostrar a bandeira mexicana que, no palácio presidencial do filme, é substituída por outra coisa qualquer com estrelas. Estou até agora incapaz de perceber completamente essa troca de bandeiras. Por falar em acção, terei sido eu o único que sentiu um leve aroma a Tarantino nas cenas de acção deste filme? Claro que, com tudo isto, o filme desenvolve-se e evolui muito rapidamente e não temos momentos mortos ou enfadonhos. Do ponto de vista do entretenimento, e considerando que, à partida, somos um público que busca acção e não se importa de desligar o cérebro e aceitar o que lhe é dado, o filme funciona muito bem. O problema que subjaz é que, se o roteiro já é fraco, as coisas pioram se o filme acelera desta forma. A partir de um certo momento, não importa mais quem está a tentar fazer o quê. Estão todos aos tiros. Por que motivo? Talvez nem eles saibam! E a cereja em cima do bolo: há personagens que são tão mal construídas que deveriam sofrer de crises existenciais a cada dez minutos. Apesar da pobreza do material que lhe foi dado e da má construção da sua personagem, António Banderas continua a merecer a nossa atenção, ainda que neste filme seja Depp, indiscutivelmente, quem se destaca quando falamos do elenco. Não há muitos actores capazes de brilhar numa personagem subscrita, mas o actor faz isso e rouba os holofotes sempre que aparece, enviando Banderas para o canto e Salma Hayek para figurante. Eva Mendes é ‘sexy’, mas não tem material para trabalhar e Willem Dafoe é muito fraco. Há um monte de actores de renome e até um cantor – Enrique Iglesias – na lista do elenco, o que mostra mais vontade de estar neste projecto do que a capacidade para acrescentar algo bom ao produto final.

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