Em Busca da Terra do Nunca

Em Busca da Terra do Nunca (2004)

17/10/2004 Drama, Fantasia 1h 46min

73%

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Aonde sua imaginação o levará?

Sinopse

J.M. Barrie (Johnny Depp) é um bem-sucedido autor de peças teatrais, que apesar da fama que possui está enfrentando problemas com seu trabalho mais recente, que não foi bem recebido pelo público. Em busca de inspiração para uma nova peça, Barrie a encontra ao fazer sua caminhada diária pelos jardins Kensington, em Londres. É lá que ele conhece a família Davies, formada por Sylvia (Kate Winslet), que enviuvou recentemente, e seus quatro filhos. Barrie logo se torna amigo da família, ensinando às crianças alguns truques e criando histórias fantásticas para eles, envolvendo castelos, reis, piratas, vaqueiros e naufrágios. Inspirado por esta convivência, Barrie cria seu trabalho de maior sucesso: Peter Pan.

Críticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 15 de Outubro de 2021

**Um bom filme biográfico, que infelizmente não é absolutamente fiel à vida do biografado.** Este filme não é exactamente um filme sobre Peter Pan, mas sobre o seu criador, o dramaturgo inglês J.M. Barrie. Ao contrário do que o filme parece indicar, era um dramaturgo conceituado e tinha prestígio quando escreveu a peça que o imortalizou definitivamente. De facto, o filme é um pouco inexacto na maneira como conta os acontecimentos da vida do dramaturgo, o que é sempre uma pena para mim, que aprecio quando um filme biográfico é fiel à vida daquele que é biografado. O filme é bom, é realmente muito bom. Apenas é necessário compreender isto: é um filme, portanto é parcialmente ficção. Neste filme, Barrie é um homem infeliz no casamento e profundamente insatisfeito com as suas próprias peças teatrais, alguém que sente que é capaz de fazer melhor e exige isso de si mesmo. Decide, assim, utilizar a sua convivência com um grupo de crianças, filhos de uma viúva da alta sociedade londrina, para se inspirar na criação de uma nova história. Mas a relação pouco usual entre ele e a família Davies vai contar com a oposição da própria esposa, da avó das crianças e, também, dos olhares sarcásticos da sociedade vitoriana. O filme aproveita muito bem a relação entre Barrie e as crianças… uma relação que hoje em dia iria, seguramente, fazer muitas pessoas franzirem o sobrolho. De facto, vivemos hoje debaixo de uma sociedade que eu penso ser mais desconfiada e que tem dificuldade em acreditar que alguém tem, realmente, boas intenções nas suas atitudes. A história é boa, o roteiro, apesar de não ser fiel à vida de Barrie, está bem feito e bem escrito, e a direcção de Marc Forster provou ser muito boa. O elenco conta com vários nomes conhecidos, mas o papel principal é de Johnny Depp. Ele é um daqueles actores que nós já acostumamos associar a personagens estranhas, invulgares, fora da caixa. Neste caso, é o oposto. Ele encarna um cavalheiro vitoriano elegante, discreto, contido e com uma personalidade tranquila, muito embora com uma imaginação fértil. Ele mais uma vez dá mostras de versatilidade e habilidade como actor, e faz um trabalho muito feliz. Kate Winslet também já dispensa apresentações e tem créditos firmados. Neste filme, ela brinda-nos com um trabalho muito bom, onde consegue ombrear com os colegas numa personagem que me parece psicologicamente exigente. Julie Christie dá vida à matriarca da família Davies de uma maneira elegante, muito de acordo com o período histórico e de uma maneira convincente. Apesar de surgir muito menos em tela e de ter uma personagem desagradável, Radha Mitchell levou a bom porto a sua tarefa e desembaraçou-se bem. Tecnicamente, o filme conta com uma excelente cinematografia, que consegue realmente ser ainda mais interessante quando nos mostra, em breves relances, o mundo mágico que começa a surgir na mente do dramaturgo. A construção dos cenários e a escolha dos adereços ajudou à criação de um ambiente de época convincente e realista, e a selecção de alguns cenários ainda acrescentou elegância visual ao filme, especialmente nas cenas do teatro e do parque. Ainda uma palavra de louvor para a idealização dos figurinos e para a banda sonora.