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Django Livre (2012)
82%
Avaliação dos usuários
O D é mudo, a revanche não será.
Sinopse
Quentin Tarantino
Escritor, DiretorMichael Shamberg
Produtor ExecutivoStacey Sher
ProdutorReginald Hudlin
ProdutorBob Weinstein
Produtor ExecutivoJames W. Skotchdopole
Produtor ExecutivoHarvey Weinstein
Produtor ExecutivoFilipe Manuel Neto
Escrita em 3 de Dezembro de 2020**Não é perfeito, mas é muito bom… e eu nem sou fã de Tarantino!**Acabei de ver este filme e confesso que me sinto plenamente satisfeito. Não sou admirador de Tarantino, mas tenho pouco a dizer sobre este filme, inspirado numa personagem dos filmes de ‘western’-spaghetti dos anos sessenta e misturando o ‘western’ com o blacksploitation. O estilo de Tarantino (exagerado, vistoso, extravagante e excessivo) está todo ali diante de nós, mas ao contrário de outros filmes eu não senti que isso fosse um problema ou transformasse o filme numa espécie de paródia.O tema do filme é a busca de Django, um antigo escravo que é inesperadamente libertado e se torna num caçador de prémios, pela sua esposa, uma escrava que foi vendida e desapareceu. Ele conta com o auxílio de um alemão, responsável pela sua libertação. Juntos descobrem que ela está na casa de um rude esclavagista chamado Cotton Candy que, entre outros negócios, lucra com lutas até à morte entre escravos. Então, resolvem disfarçar-se de peritos na matéria para ir à plantação e tentar comprar a liberdade dela sem que Candy perceba o que eles querem.O filme é muito bom e, apesar de ter quase três horas de duração, não tem momentos mortos e entretém maravilhosamente. Porém, apesar de os exageros e visão histriónica de Tarantino não terem sido um problema desta vez, há alguns aspectos que foram realmente incómodos, principalmente ao nível do rigor histórico que, já o sabemos, não é algo que ele leve realmente a sério (mais uma das razões pelas quais eu não gosto dele enquanto director). Para começar, as tais Lutas de Mandingo nunca existiram. Não estamos na Roma Antiga e os esclavagistas, por muito maus que fossem, não gostavam de deitar dinheiro pela janela e matar por prazer as suas melhores peças! Tarantino foi buscar essa idiotice a outro filme de que gostava e colou-a aqui. Outro problema é o uso de dinamite, que só viria a ser inventada alguns anos depois do período em que o filme se passa. As roupas também não condizem com a época nem com o local da acção. O figurino da criada negra do Clube, com aquela minissaia, é particularmente mau na medida em que sexualiza a personagem e importa para o meio do século XIX um aroma a século XXI. Não vou alongar-me muito mais, penso que provei o meu ponto. Outra coisa que tenho de dizer é que este é um filme muito violento, ao estilo de Tarantino, isto é, com uma tonelada de sangue por cada bala, tiroteios espectaculares, alguma nudez e doses altas de brutalidade. Também os diálogos estão cheios de insultos racistas e palavrões, mas eu penso que isso era algo que o filme pedia, em abono da própria credibilidade. Em suma, este não é um filme para qualquer um. Com Tarantino, isso costuma ser um dado adquirido.O papel principal foi dado a Jamie Foxx e ele é realmente bom e dá à personagem uma força e dureza que me agradaram, e que contrastam agradavelmente com a sensibilidade e educação polida do Dr. Schultz, brilhantemente interpretado por Christopher Waltz. Este actor já havia feito um trabalho extraordinário em *Sacanas Sem Lei* e agora foi ainda melhor, com uma personagem que parece feita à medida para ele. Fiquei particularmente impressionado com o trabalho de Leonardo DiCaprio, que raramente consegue fazer vilões. Ele é um actor com um talento raro e conseguiu ser digno do nosso desprezo neste filme. Outro actor que brilha neste filme é o veterano Samuel L. Jackson, no papel de um mordomo negro tão afeiçoado ao dono que se torna mais esclavagista que os brancos. Também gostei do breve cameo de honra de Franco Nero, o actor que interpretou Django nos filmes originais. Foi uma forma elegante e honrosa de Tarantino fazer uma vénia ao actor e ao trabalho que o inspirou. Muito menos impressionante foi o desempenho de Kerry Washington, que tem pouco tempo e material para mostrar o que vale.Tecnicamente, é um filme cheio de aspectos notáveis que requerem a nossa atenção e que, em boa medida, fazem parte da imagem de marca do director. É o caso da cinematografia e do uso das cores fortes e das filmagens em câmara lenta nas cenas de acção, recursos de estilo de forte cunho visual que Tarantino adora. Os cenários são bons, os figurinos também apesar dos problemas de anacronia que já referi. O filme tem um ritmo agradável, mas a primeira metade do filme era geralmente melhor ainda que mais contida: parece que Tarantino se perde no seu próprio estilo à medida que se aproxima das cenas mais violentas. A banda sonora é grandiosa e aproveita várias canções de vários compositores. Pessoalmente, gostei de ouvir a canção original do filme “Django”, composta por Luis Bacalov, e outras músicas compostas para este filme por Ennio Morricone, nome que vai sempre ficar associado, na memória colectiva, aos grandes ‘western’-spaghetti do passado. Foi uma selecção criteriosa, eficaz e honrosa na forma como homenageia o género.
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