Conduzindo Miss Daisy
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Conduzindo Miss Daisy (1989)

13/12/1989 Drama 1h 39min

72%

Avaliação dos usuários

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‎A história engraçada, tocante e totalmente irresistível de uma relação de trabalho que se tornou uma amizade de 25 anos.‎

Sinopse

Atlanta, 1948; Uma rica judia de 72 anos (Jessica Tandy) joga acidentalmente seu Packard novo em folha no jardim premiado do seu vizinho. O filho (Dan Aykroyd) dela tenta convencê-la de que seria o ideal ela ter um motorista, mas ela resiste a esta idéia. Mesmo assim o filho contrata um afro-americano (Morgan Freeman) como motorista. Inicialmente ela recusa ser conduzida por este novo empregado, mas gradativamente ele quebra as barreiras sociais, culturais e raciais que existem entre eles, crescendo entre os dois uma amizade que atravessaria duas décadas. (e Livre - Estimado Livre)

Críticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 3 de Junho de 2020

**Muito simples e sem profundidade, conta uma boa história.** Este filme é uma pérola algo esquecida hoje em dia, e é pena que assim seja. Tem imensa qualidade e é delicioso de ver. O roteiro é bastante simples de descrever mas foi muito bem dirigido e desenvolvido, dando base a uma história muito boa: após um pequeno acidente sem consequências, uma idosa de uma família judia muito respeitável e endinheirada passa a ter o seu motorista próprio, um senhor igualmente idoso e negro. De início, a relação entre ambos é bastante fria, com a patroa a sentir a presença do novo empregado como algo desnecessário à sua vida normal. Porém, a forma respeitosa, porém frontal, com que ele a trata acabam por a conquistar, estabelecendo uma forte amizade entre os dois que irá durar por décadas. Ambientado na Atlanta dos meados do século XX, é claro que é um filme fortemente baseado nos problemas raciais e de intolerância, endémicos na sociedade sulista norte-americana. E ao contrário de outros filmes há aqui dois tipos bastante claros de intolerância: o mais óbvio é o racismo contra os negros. Mas temos também a intolerância religiosa, perceptível na forma como a comunidade judaica faz um esforço para se integrar e para parecer respeitável e muito activa na sociedade, a despeito da forma como é invariavelmente tratada pelos demais. O filme é bom. Tudo bem, é um pouco açucarado nalgumas partes e o enredo é tão simples e directo que não tem densidade e não oferece mais nada além da relação patroa/empregado, mas isso é bem entregue e é feito com empenho e competência. Dirigido por Bruce Beresford, cobre cerca de vinte e cinco anos, acabando às portas da década de Setenta. Isso levanta problemas como o facto de as personagens terem de parecer velhas, o que nem sempre funcionou bem, e o público ter de perceber os saltos no tempo, uma coisa que também não foi bem conseguida. Eu, pelo menos, demorei o meu tempo a perceber que o filme dava pulos no tempo e isso foi aborrecido, forçando-me a ver novamente do início para ter a clara percepção das coisas. O elenco é muito bom, mas limitado como limitado foi o roteiro: com toda a justiça, pode ser considerado como o mais notável trabalho da carreira de Jessica Tandy, actriz já veterana que deu vida à rezingona Miss Daisy. Ao seu lado, o sempre impecável Morgan Freeman, com um forte sotaque sulista que nem sempre soou genuíno mas não tirou o brilho ao trabalho deste actor excelente e profissional. Cerca de 75% do filme é assente nos diálogos e interacção dos dois actores, e ambos foram muito bons nisso. Além deles, o filme ainda conta com a ajuda de actores como Dan Aykroyd e Esther Rolle. Tecnicamente, é um filme regular que não sobressai da maioria dos que foram filmados no fim da década de Oitenta. Com uma cinematografia regular mas cansativa e enevoada aos olhos de um espectador de 2020, habituado ao melhor da era digital, tem excelentes cenários e bons figurinos. Os carros são parte importante do filme, na medida em que chegam a ser um dos seus mais importantes cenários ou estão sempre, ou quase sempre, em pano de fundo. Não tem quase virtualmente nenhuns efeitos especiais, visuais ou de som, ou pelo menos nada que seja digno de nota, mas compensa com uma banda sonora decente. Analisando em retrospectiva, dá para compreender porque é que este filme foi esquecido… apesar do profissionalismo e da boa performance dos actores, apesar de ter uma boa história, não tem profundidade e é um filme bastante simples em quase todos os aspectos. Mesmo assim, ganhou uma série de Óscares (Melhor Filme, Melhor Actriz, Melhor Caracterização e Melhor Argumento Adaptado) e outros prémios e merece ser visto e apreciado pelo que é.