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Clube dos Cinco (1985)
Cinco estranhos com nada em comum, exceto um ao outro.
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 24 de Janeiro de 2022**Um filme eficaz e que funciona agradavelmente, apesar das falhas que apresenta.** Eu tinha expectativas bastante baixas para este filme posto que não gosto muito de filmes para adolescentes. Todavia, devo reconhecer que o filme é bom e está bem feito. Não é perfeito ou excepcional, mas funciona e entretém sem que consideremos o nosso tempo por mal gasto. Eu consigo compreender porque há tantas pessoas que consideram este filme um clássico, mas não estou de acordo. Não é um filme tão bom para ter essa designação, e se manteve até hoje uma certa aura isso deve-se a um certo estatuto 'cult' que adquiriu com o passar dos anos. O filme passa-se numa escola durante um sábado, em que cinco alunos que não se conhecem vão ficar de castigo, cada um pelos seus motivos. O professor, todavia, é um idiota e eles vão acabar por aproveitar o dia, ouvir música, dialogar e descobrir que não são tão diferentes uns dos outros. O filme tem fraquezas, começando pelo roteiro fino que apresenta. De facto, não há história ou acção aqui. Se o filme não tivesse tantas cenas de humor ou em que as personagens escapam e passeiam pela escola, iríamos ter uma hora e meia de diálogos. Outro problema é o uso de todos os estereótipos mais comuns nos filmes de colégio: temos um professor idiota e sem autoridade, um aluno rebelde com problemas em casa, um aluno bom, mas sob pressão para ter as melhores notas, uma aluna linda e presunçosa de família rica, um aluno desportista com problemas com a raiva e uma aluna solitária e esquisita. A única coisa que os salva é, no fundo, a forma como vão ganhando profundidade e personalidade à medida que os diálogos vão fluindo. E eu poderia ainda falar na falta de lógica deste castigo, em que cinco alunos problemáticos são deixados sós numa escola deserta? Independentemente da fraqueza do roteiro e de outros problemas, o filme conta com um elenco jovem que faz um trabalho bastante empenhado e interessante. De todos, aquele que mais me impressionou foi Judd Nelson, que conseguiu imprimir uma rebeldia e irreverência genuínas à sua personagem. Também gostei bastante de Ally Sheedy. Ela começa o filme quase em silêncio, deixando que a sua pose e o figurino bizarro dominem a nossa atenção, mas depois brinda-nos com uma personagem intensa, inteligente e agradavelmente desagradável e sarcástica. Anthony Hall tem uma personagem mais palatável e emotiva, que interpreta satisfatoriamente, tal como Molly Ringwald e Emilio Estevez, sendo que eles também trabalharam bem nas suas respectivas personagens. Uma palavra, ainda, para Paul Gleason, e a maneira impecável como interpretou um professor medíocre. Tecnicamente, é um filme discreto. Tem uma boa cinematografia e foi muito bem filmado, com nitidez e boas cores. Não apresenta grandes efeitos visuais ou especiais, mas o que nos traz é bem feito e funciona agradavelmente. O cenário da biblioteca foi bem construído, e a escola é credível. Mas o que nos deixa maravilhados é, claramente, a banda sonora, e particularmente a canção-tema *Don’t You (Forget About Me)*, que se faz ouvir nos créditos e que se transformou num dos grandes êxitos daquela década, em que muitos eram jovens ou (como eu) nasceram.