Better Man – A História de Robbie Williams (2024)

Pedro Quintão

Escrita em 12 de Janeiro de 2025

Better Man surpreendeu-me de várias formas. Não sendo um "fã a sério" de Robbie Williams, decidi assistir ao filme por pura nostalgia. Lembro-me de, em criança, adorar o single Feel, ao ponto de o meu pai me ter oferecido o CD do concerto ao vivo. Foi essa ligação a algumas das suas músicas que me levou a dar uma oportunidade a esta biografia, e posso dizer que não me arrependo. O que mais se destaca em Better Man é a decisão ousada de representar Robbie Williams como um chimpanzé criado em CGI. Admito que, no início, esta escolha me causou estranheza. Estamos habituados a biopics que seguem a fórmula tradicional: um ator conhecido, com semelhanças físicas ao protagonista, assume o papel e guia-nos pela narrativa. Aqui, optaram por algo diferente. Segundo explicações que encontrei, a decisão foi do próprio artista, que quis simbolizar a forma como sempre se sentiu "menos evoluído" do que os outros seres-humanos, mas também pelo facto de admirar os chimpanzés como grandes entertainers. É uma metáfora ousada que pode dividir opiniões, mas confere ao filme uma identidade única. Supervisado pelo próprio Robbie Williams, o filme mergulha profundamente nas suas vulnerabilidades. Há uma coragem admirável do artista em expor publicamente não só os sucessos, mas também os erros, as polémicas e os momentos mais sombrios da sua vida. Vemos um Robbie rude, afundado pelo peso da fama e das drogas, mas também um homem capaz de se levantar e seguir em frente. Este equilíbrio entre luz e sombra torna a narrativa poderosa e humanizante. Admito que fiquei a admirar este homem. Os momentos musicais são um dos pontos altos do filme. Estão carregados de energia, com coreografias vibrantes e interpretações que capturam a essência do artista. Mais do que apenas recriações, estas cenas conseguem transportar-nos para a intensidade e para o ritmo frenético desta obra, assim como para a deslumbrante década de 90. E, claro, também há muito espaço para o drama. A cena em que Robbie, devastado pela morte da avó, compõe Angels é profundamente emocionante. A partir de agora, ouvirei essa música de uma forma diferente. Apesar de tudo o que o filme tem de bom, a escolha de não ter um ator "de carne e osso" a interpretar o cantor acaba por ser tanto o seu maior trunfo como a sua maior fragilidade. Por um lado, a decisão torna Better Man verdadeiramente distinto de outras biopics. Por outro, senti falta de um rosto humano que pudesse transmitir as emoções de forma mais explícita. Além disso, gostaria que tivesse mergulhado um pouco mais na sua carreira e apresentasse algumas passagens como o seu dueto com a Kylie Minogue ou a composição de sucessos como Kids, Millenium e etc. Dito isto, Better Man é um filme que agradará aos fãs de Robbie Williams e a quem tem curiosidade sobre a sua vida. Não é apenas sobre a vida de um artista, mas sobre a complexidade de ser humano. 2025 está a começar e já tenho um dos meus filmes favoritos do ano.