Disney Plus
Avatar (2009)
76%
Avaliação dos usuários
Descubra um novo mundo.
Sinopse
James Cameron
Produtor, Diretor, EscritorJon Landau
ProdutorLaeta Kalogridis
Produtor ExecutivoColin Wilson
Produtor ExecutivoFilipe Manuel Neto
Escrita em 4 de Dezembro de 2020**Visualmente extraordinário, com uma cinematografia excelente, decepciona com uma história básica e superficial.** Confesso que este filme nunca chamou realmente a minha atenção até eu ler acerca dele. Eu ainda me lembro de quando ele circulou nos cinemas, há mais de dez anos. Na altura, não me deu vontade de o ver. Mais recentemente, decidi-me a vê-lo. O filme foi um sucesso, como já todos sabemos, e até acho surpreendente não ter tido direito a nenhuma sequela. O roteiro passa-se num futuro distante, em que os humanos arruinaram a Terra, mas colonizam e explorar outros planetas como Pandora, para onde vai Jake Sully, veterano dos Marines recrutado por um programa científico para substituir o seu irmão gémeo falecido. Pandora tem um minério raro e valioso que os humanos querem, mas que também permite ao planeta apresentar uma vida biológica exuberante e fora do normal. Acontece que é habitada por nativos chamados Naavi (que se parecem com humanos azuis enormes e com uma longa cauda), que estão decididos a proteger o seu mundo da ganância dos terráqueos. Sully adere ao Programa Avatar, que lhe permite controlar à distância o corpo de um Naavi. E se o programa permite conviver e aprender com eles (como quer a directora, a cientista Dra. Grace), também torna os humanos em cavalos de tróia (como deseja o Coronel Miles, comandante das forças militares em Pandora). Isso vai pôr Sully num conflito de lealdades, enquanto lhe permite ver a forma como os nativos estão ligados ao mundo que os rodeia e são inseparáveis dele. O roteiro traz questões pertinentes. Podemos, por exemplo, reflectir sobre a forma como temos vivido e gerimos o nosso planeta, sobre a superioridade com que vemos quem difere de nós, sobre a forma como desprezamos o meio ambiente ou o prejudicamos deliberadamente por ganância, sobre a nossa paixão pela guerra em lugar da resolução pacífica de conflitos ou até sobre o modo como os avanços tecnológicos e médicos não chegam a todos e são colocados ao serviço de apenas alguns, que os podem pagar. É um roteiro que faz pensar e podia ser visto sob vários prismas. Infelizmente, a história construída em cima destas premissas não é tão boa. Há bom material, e a forma como Sully fica dividido na sua lealdade à medida que convive com os nativos é a espinha dorsal de toda a história, mas o resto é muito previsível e unidimensional além de, por vezes, soar mal: os humanos são tratados de modo simplista e transformados em criaturas desprezíveis, ao passo que os Naavi são idealizados ao máximo. A velha história dos “bons e maus”. Sam Worthington mostra todo o seu talento numa personagem exigente, mas de quem é fácil gostar-se. Ele contracena bem com Zoe Saldaña, o seu par romântico alienígena. A actriz é excelente e vivia então um bom momento da sua carreira. Também gostei do trabalho de Sigourney Weaver, no papel de uma cientista forte, mandona e rabugenta, que se guia pelos seus ideais mesmo que isso signifique enfrentar os militares. Mas o melhor do elenco acaba aqui. Os demais são reduzidos a personagens unidimensionais e estúpidas, como acontece a Stephen Lang (o militar bruto como as pedras que só pensa em executar a missão), Michelle Rodríguez (a militar gostosa que decide colaborar com os “bons” ao invés de ajudar os “maus”), Giovanni Ribisi (um dos “maus”), Joel David Moore (um dos “bons”), Laz Alonso, C. C. H. Pounder, Wes Studi (os “perfeitos”), etc. Isto foi algo decepcionante num filme com tantas qualidades e um orçamento tão elevado. É nos aspectos técnicos que este filme se supera. Dirigido por James Cameron, fã inveterado da tela verde e um “rival” de Spielberg, é um filme que foi construído em cima de todo um mundo digital. Graças a esse recurso, Cameron pode tornar-se deus por um minuto e criar um universo novo, com plantas e animais que nunca vimos e que transpiram beleza. O filme tem uma cinematografia espectacular e não passam cinco minutos sem que, de alguma forma, nos faça suster o ar de surpresa perante o espectáculo de cor e de luz que oferece. Os efeitos de som também são muito bem usados. Juntamente com uma banda sonora épica e magnifica de James Horner, temos a receita para um "blockbuster" que arrecadou três Óscares em categorias técnicas (Melhor Cinematografia, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Direcção de Arte), com todo o mérito e justiça. Realmente só tenho pena de não o ter visto no ecrã grande e de Cameron ser tão descuidado no que toca ao roteiro e à história que nos conta.
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