Austin Powers: O Agente Bond Cama (1999)
Ardentemente engraçado.
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 2 de Agosto de 2022**Apesar dos esforços de Mike Myers, o filme não traz nada de novo, tem uma história idiota e mal escrita, e não é engraçado.** Depois de um grande sucesso com o primeiro filme, a sequela tornava-se bastante fácil de se prever. Era óbvio que iriam tentar fazer um segundo filme que continuasse a história, e tentasse arrecadar mais algum dinheiro das bilheteiras. Eu não sou fã deste tipo de humor, demasiado voltado para o escatológico e sexual, mas penso que este filme foi francamente pior do que o seu predecessor imediato. O maior problema deste filme não são sequer as piadas sujas, idiotas e sem sentido de humor, mas um roteiro mal escrito, sem ideias originais e bastante cansativo. A história do filme é bem simples de resumir: Austin Powers, novamente solteiro e livre, apercebe-se finalmente de que o Dr. Evil, anos antes, utilizou uma máquina do tempo para roubar a sua virilidade enquanto se encontrava congelado. Para um homem tão tarado e pervertido como Powers, ficar sem o que ele chama “mojo” é simplesmente catastrófico. Então, ele tem de utilizar outra máquina do tempo, voltar aos anos 60 e tentar travar o Dr. Evil a fim de recuperar a sua macheza. Soa muito idiota? Talvez porque seja idiota! E prefiro nem falar do final, onde temos até duas versões do agente, e chegamos à conclusão de que nunca foi de facto necessário recuperar a virilidade dele. Além de ser estúpido, o filme também é sem sentido. Myers continua a assegurar as personagens principais do filme, isto é, o espião protagonista, o grande vilão e ainda um criminoso disforme que não passa de um monte de banha escocês (será que eles se sentiram ofendidos com tal caricatura? Eu sentir-me-ia ofendido). É um bom actor, não ponho qualquer dúvida de que se empenha neste seu trabalho. No entanto, o resto do elenco é desinteressante, cansativo e não parece ter ideias ou tentar, sequer, acrescentar algo mais à produção que lhe possa aumentar a qualidade. Heather Graham é bonita, mas não muito boa como actriz, sendo que o filme a livrou de passar o resto da carreira a fazer filmes adultos. Seth Green também tenta fazer algo espirituoso e interessante, mas tem pouco tempo e pouco material de qualidade. Por fim, uma nota de louvor para Verne Troyer e Mindy Sterling. Tecnicamente, o filme é bastante fraco. Brinca bastante com o visual colorido e vistoso dos anos 60, e isso é o aspecto mais bonito e elegante de todo o filme. Gostei dos figurinos, dos cenários e da caracterização, em particular de Myers, camaleónico e hábil nas várias personagens que vai interpretando (aliás, rendeu ao filme a nomeação ao Óscar na categoria de Caracterização). A cinematografia também procura aproveitar e salientar a beleza visual existente aqui, enquanto a edição procurou imprimir ao filme um ritmo que não fosse cansativo. Não posso dizer que os esforços foram em vão, o filme seria insuportável se fosse mais lento.