Até o Fim do Mundo

Até o Fim do Mundo (1991)

12/09/1991 Aventura, Drama, Ficção científica 4h 40min

68%

Avaliação dos usuários

Escrever uma Crítica

O Melhor Filme de Estrada.

Sinopse

Até o fim do mundo é uma odisséia para a era moderna. Como na Odisséia de Homero, o objetivo da jornada é restaurar a visão - uma reconciliação espiritual entre um pai obcecado e um filho. Farber, ao tentar encontrar uma cura para a cegueira de sua esposa, criou um dispositivo que permite ao usuário enviar imagens diretamente para o cérebro, permitindo que os cegos vejam.

Wim Wenders

Roteirista, Diretor

Ulrich Felsberg

Produtor

Peter Carey

Roteirista

Jonathan T. Taplin

Produtor

Paulo Branco

Produtor Executivo

Michael Almereyda

Escritor

Greg Coote

Produtor Executivo
Críticas dos Especialistas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 15 de Março de 2024

**Uma obra faraónica que correu terrivelmente mal.** Já vos aconteceu tentarem fazer algo extremamente complicado e ambicioso e falharem por culpa da enormidade do que estavam a tentar fazer? Eu aposto que mesmo aqueles a quem isso nunca aconteceu vão saber nomear alguns exemplos: obras públicas faraónicas que correram mal ou nunca se concretizaram na totalidade, projectos e empresas privadas que fracassaram por culpa dos seus próprios erros, enfim. Exemplos não faltarão e acho que podemos juntar este filme a essa lista, posto que a principal falha deriva das ambições do seu criador. Wim Wenders é um dos grandes directores alemães do nosso tempo e ninguém lhe pode negar esse mérito, nem mesmo aqueles que não apreciam muito o seu estilo, ou que o criticam (com alguma propriedade) por se ter transformado, em anos recentes, naquele tipo de director que o próprio criticava nos começos da sua carreira. Porém, o que ele quis fazer neste filme era uma tarefa muito superior às suas capacidades e engenho. Um épico de mais de vinte horas de duração que foi condensado num resumo de três horas e meia e, anos depois, parcialmente restaurado na forma da “versão do director”, com quase seis horas. Eu cometi o erro de tentar ver, precisamente, esta última, crendo que estaria a ver a versão mais próxima à visão do criador. Todavia, o que ele nos dá é tão desinteressante e tão confuso que dei o meu tempo por mal empregue. A história começa com a ameaça de um satélite nuclear indiano, que se vai despenhar na terra, e depois introduz Claire, uma jovem que parece procurar um rumo na sua vida em meio a uma existência fútil. Após um acidente de carro em que conhece dois assaltantes de bancos, ela aceita levar o dinheiro roubado até Paris, a troco de uma percentagem. Em meio a isto, presta ajuda a um homem misterioso que parece estar a fugir de um assassino e que lhe rouba parte do dinheiro. Apostada em recuperá-lo, ela segue-o pelo mundo e acaba por contractar um detective privado. Como creio que já deu para entender através deste resumo, a trama não é desprovida de boas ideias e tinha potencial. Com as personagens sempre em andamento, a viajar pelo mundo, o filme não é monótono e tem certo potencial para a comédia leve (se bem que o humor de Wenders é totalmente alemão e nós sabemos o que isso significa). Porém, o filme perde-se em reviravoltas constantes que não vão dar a lugar nenhum. Circulando de um país para outro, a trama desperdiça horas da nossa vida numa história sem substância ou conteúdo. Wenders não nos poupa e dá-nos longas cenas onde as personagens dirigem automóveis, caminham ou fazem chamadas telefónicas. Ele parece uma criança de cinco anos que começa a contar aos pais a história mais mirabolante só para pedir um brinquedo que viu numa loja. Isso é aquilo que deita o filme a perder e o torna insuportável. Ah, e é claro que a questão do satélite em queda acaba totalmente esquecida no meio disto tudo. Os valores de produção são bastante bons, considerando que é um filme europeu e que os milhões da máquina de Hollywood estão ausentes da equação. Wenders conseguiu criar alguns elementos algo futuristas como telefones públicos com videochamada ou motos de polícia com aspecto arrojado e bizarro. Os cenários urbanos parecem hostis, com toda a sorte de lixo e grafitos. A cinematografia é magnifica, e o director aproveita-a tanto quanto possível, como é habitual nos filmes que faz, mas em compensação a banda sonora é virtualmente inaudível e não acrescenta qualquer qualidade ao trabalho final. Solveig Dammartin foi uma boa escolha para a personagem principal. Ela é elegante e dá um charme especial à sua personagem durante todo o filme. Infelizmente, ela não pode fazer milagres com o material que lhe foi dado e o seu desempenho é vítima disso. Sam Neill também aproveita a ocasião da melhor forma que pode, mas o filme está longe de ser um dos melhores da sua carreira, e o mesmo se poderá dizer de William Hurt. Ambos se empenham, e o trabalho deste trio de actores acaba, assim, por ser o valor mais redentor que o filme tem para nos apresentar. Infelizmente, estão presos ao material recebido, que mata totalmente os seus esforços.

Críticas dos Usuários

5000 Caracteres Restantes.