

Amor, Sublime Amor (1961)
72%
Avaliação dos usuários
Sinopse
Robert Wise
Diretor, ProdutorErnest Lehman
RoteiristaWalter Mirisch
Produtor ExecutivoArthur Laurents
EscritorStephen Sondheim
Escritor
Filipe Manuel Neto
Escrita em 11 de Abril de 2024**Um musical antigo, com alguns laivos de preconceito étnico, e que não me pareceu assim tão bom quanto eu pensei que seria.** Este é um daqueles filmes que, honestamente, me custa a compreender. É uma produção que transportou para o cinema um interessante musical da Broadway, que ainda hoje tem sido levado à cena em vários lugares e que faz uma história parecida com Romeu e Julieta no contexto das guerras de gangues juvenis em Nova Iorque dos meados do século XX. A ideia é sedutora e desenvolvê-la a partir do material de base de Shakespeare é um ponto de qualidade. Mas passaram sessenta anos e vale a pena repensar algumas coisas. O filme foi dirigido por Jerome Robbins e Robert Wise, e aproveita largamente a acção e as músicas da versão teatral, tendo conseguido um sucesso estrondoso, de bilheteiras e de crítica, além de uma catadupa de prémios onde merecem destaque dez Óscares (Melhor Actor, Melhor Actriz Secundária, Melhor Director, Melhor Direcção de Arte em Filme Colorido, Melhor Edição, Melhor Cinematografia em Filme Colorido, Melhor Figurino em Filme Colorido, Melhor Filme, Melhor Banda Sonora de um Filme Musical, Melhor Som). Desde então, tem lugar na lista dos maiores e mais marcantes musicais já feitos. É compreensível, portanto, o impacto do filme na época e o estatuto de clássico que tem. Os estúdios não pouparam despesas, aproveitando o seu orçamento para fazer um enorme espectáculo visual e sonoro, numa produção luxuosa com uma cinematografia impecável e magnifico trabalho de luz, cor e filmagem. Aproveitando todo o material da Broadway, o filme herda as canções de Leonard Bernstein acompanhadas de exuberantes números de dança por grupos magnificamente coreografados, algo desafiante e inovador para esta época. Creio que é escusado dizer que as melodias e canções valem por si mesmas. Além de todo este trabalho, o filme conta com bons cenários e figurinos. Apesar de tudo isto serem enormes qualidades, eu tenho de ser sincero, ainda que isso vá ofender algumas pessoas: enquanto via o filme, não senti empatia pelas personagens ou gosto pela história. A direcção é decente, mas não vai além disso. O roteiro é igual ao da peça musical original, mas não é envolvente nem convincente, e aquele romance parecia forçado e inverosímil. Se os dois grupos de dança são perigosas gangues de delinquentes, são certamente inofensivas e só usam as suas facas para descascar frutas. Mas pior do que tudo isto são os porto-riquenhos: o grupo foi representado segundo preconceitos étnicos e culturais inaceitáveis e de contornos racistas. Isso torna ainda mais insultuoso o facto de terem escolhido actores anglo-saxónicos de cara pintada para vários dos papéis latinos, sendo Natalie Wood o caso mais óbvio. Isto leva-nos a falar do elenco. Como se vê, para mim, Wood foi um erro de casting total. Pode ter a idade certa, o sorriso, mas nem é latina, nem canta uma nota, nem sabe dançar. Ela simplesmente aproveitou para integrar um grande filme. Richard Beymer, o seu par romântico, faz um trabalho melhor, mas ainda assim é muito insosso e pouco interessante. Russ Tamblyn e Rita Moreno fazem um trabalho positivo, mas não ajudam muito.
5000 Caracteres Restantes.