Pedro Quintão
Escrita em 13 de Setembro de 2025
Uma das grandes surpresas do ano!
Adaptado de um dos livros mais sombrios de Stephen King, The Long Walk leva-nos por uma América alternativa pós-guerra, marcada pela insurgência de um regime fascista, onde um grupo de jovens participa numa prova cruel: caminhar sem parar, a uma velocidade mínima de 5 km/h. Quem abrandar ou desistir, é simplesmente abatido. O “prémio” do último sobrevivente? Riqueza e um desejo concretizável.
A premissa pode, à primeira vista, fazer lembrar fenómenos como The Hunger Games ou Squid Game, mas depressa percebemos que este filme segue outro caminho. Aqui não há jogadores vilões que tentam sabotar os rivais, nem planos mirabolantes de revolta contra o sistema. O que encontramos é algo mais cru e humano: cada concorrente carrega consigo traumas, medos e motivações que, de uma forma ou de outra, conseguimos compreender. Até os mais desagradáveis acabam por ser vistos com empatia, e é isso que torna a experiência tão humana.
Durante duas horas, acompanhamos aquela interminável caminhada e, com ela, conhecemos intimamente cada personagem. Os diálogos estão bem escritos, revelando aos poucos as histórias de vida de cada um. E, quando alguém morre, abala-nos emocionalmente. Cheguei a um ponto em que já não sabia por quem torcer, porque, na verdade, desejava que todos conseguissem sobreviver e encontrar um pouco de esperança no meio daquele pesadelo.
Não esperem grandes cenas de ação. O ritmo é mais contemplativo, mas nunca se sente parado. A mudança constante de cenários, a tensão e, sobretudo, o vínculo emocional que criamos com os caminhantes, são o motor que nos mantém presos ao ecrã. Ainda assim, volto a avisar que se assistirem à espera de um espetáculo cheio de adrenalina, vão sair desiludidos. The Long Walk não é sobre tiros nem explosões, é sobre resistência, humanidade e fragilidade.
No final, fiquei com a sensação de ter visto não apenas mais uma adaptação de Stephen King, mas uma das obras mais impactantes do ano. É um filme que mexe conosco e que perdurará nos meus pensamentos durante muito tempo. Para mim, sem dúvida, um dos melhores filmes de 2025.