Pedro Quintão
Escrita em 9 de Agosto de 2025
Weapons é realizado pelo mesmo realizador de Barbarian, por isso já estava preparado para encontrar aqui um plot twist nesta narrativa repleta de mistério. A verdade é que o filme surpreende, mas grande parte dessas surpresas deve-se à forma como a trama é construída, ao mostrar-nos o mesmo acontecimento através da perspetiva de várias personagens, todas elas distintas e interessantes. Esse jogo de ângulos e pontos de vista mantém-nos atentos e envolvidos, como se estivéssemos a montar um puzzle em tempo real.
Infelizmente, nem sempre o ritmo ajuda, por breves momentos parece estagnar (mas nada de grave. O interesse abranda por poucos minutos e rapidamente volta a recuperar o fôlego). Para mim, o grande problema acontece no terceiro. Confesso que esperava uns últimos 10 minutos mais assustadores, em vez de hilariantes. Essa mudança de tom acabou por apagar um pouco da atmosfera mais sombria e séria que o filme vinha a construir. E acreditem, como já me disseram, é mau quando um filme de terror nos desperta risos em vez de sustos. Talvez se editassem ou filmassem alguns momentos do final de forma diferente, acabasse por correr melhor.
Ainda assim, Weapons oferece duas horas bem passadas, com muito mistério e uma história que raramente abranda. Está sempre a acontecer algo que nos obriga a tentar adivinhar o que vem a seguir. Dei por mim a lançar palpites sobre a grande revelação e, desta vez, falhei todos. Gosto quando isso acontece, pois significa que o filme realmente conseguiu enganar-me e hoje em dia, isso é cada vez mais raro.
Tal como aconteceu este ano com Sinners, sinto que alguns críticos estão a sobrevalorizar Weapons, chamando-lhe uma obra-prima, quando na realidade é apenas um filme competente. Na verdade, para mim, está mais próximo de um thriller negro do que propriamente um filme de terror no sentido mais convencional. Existem alguns jumpscares, mas a atmosfera é muito mais de mistério e suspense do que de medo puro.
Mesmo assim, recomendo. Vejam-no sem expectativas e deixem-se levar. Talvez não seja um marco capaz de revolucionar o género, mas é, sem dúvida, uma obra intrigante e com boas surpresas pelo caminho.