À Beira do Abismo
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À Beira do Abismo (1946)

23/08/1946 Crime, Mistério, Thriller 1h 54min

76%

Avaliação dos usuários

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O tipo de homem que ela odiava... Era o tipo que ela queria!

Sinopse

"À Beira do Abismo" é uma história do detetive particular Philip Marlowe, que é contratado por um rico general para descobrir e impedir que sua filha mais nova, Carmen, seja chantageada por suas dívidas de jogo. As coisas quase imediatamente se desvendam e explodem, enquanto Marlowe se vê profundamente emaranhado numa teia de triângulos amorosos, chantagem, assassinato, jogo e crime organizado. Marlowe, com a ajuda da filha mais velha do General, Vivian, habilmente trama para libertar a família desta teia.

Howard Hawks

Diretor, Produtor

William Faulkner

Roteirista

Leigh Brackett

Roteirista

Jules Furthman

Roteirista

Jack L. Warner

Produtor Executivo
Críticas dos Especialistas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 8 de Fevereiro de 2024

**Um filme que seria verdadeiramente memorável se o roteiro não fosse tão mal escrito.** Em geral, eu gosto muito de filmes ‘noir’, é um estilo de cinema que me agrada. Porém, e apesar da grande reputação, eu não gostei particularmente deste filme. É bom, e do ponto de vista do estilo, dá-nos tudo aquilo que nós gostamos de ver num ‘noir’. Porém, o filme falha demasiado no que toca ao roteiro e à história que tenciona contar-nos. Isso não é um erro que eu esteja disposto a perdoar com ligeireza, principalmente se estamos a falar de uma produção ao mais alto nível e com profissionais do mais alto calibre, como é o caso. De facto, o filme é um colírio para os nossos olhos. A cinematografia a preto-e-branco é da maior elegância e a luminosidade foi magnificamente trabalhada. A nitidez é excelente e o trabalho de filmagem dá-nos algumas cenas verdadeiramente bem conseguidas e bem enquadradas. É muito difícil fazer melhor e ser mais exigente seria injusto, eu acho. Não podemos deixar de lado a banda sonora, orquestral, acompanhando cada cena com brio e aumentando notavelmente a carga dramática de alguns momentos. Os cenários são muito bem concebidos, os figurinos são excelentes (o destaque, eu diria, é o figurino de Bogart, correspondendo à imagem clássica do detective de chapéu Fedora e gabardina), os carros não podiam ser mais estilosos (eu sou suspeito para falar disso, sou um amante de carros clássicos deste período) e os adereços são excelentes. Porém, é no desempenho do elenco que o filme mostra toda a sua qualidade: num elenco encabeçado por Humphrey Bogart, não há um único actor que sintamos estar a mais ou ter sido subaproveitado. Todos tiveram o seu tempo para brilhar e mostrar talento, sinal de que o director, Howard Hawks, conseguiu gerir muito bem os talentos que tinha ao seu dispor. Bogart, como quase sempre acontece, não nos decepciona: ele está à vontade com este tipo de personagens e sabe bem como as deve interpretar, dando à personagem uma dose equilibrada de humor cínico, heroísmo contido e brutalidade bem-intencionada. São dele algumas das linhas mais citáveis e memoráveis dos diálogos. Uma outra grande actriz que podemos ver aqui é Martha Vickers. O papel dela é breve e boa parte foi cortado na pós-produção, mas a actriz é hipnótica e sensual como uma Lolita. Lauren Bacall, que era nesta época amante de Bogart e viria a ser sua esposa, é igualmente uma presença forte e impactante, mas penso que já a vi muito melhor em outros trabalhos. O que falta aqui é um vilão igualmente forte e carismático. Onde o filme claudicou foi realmente no roteiro, que nos apresenta uma história confusa e desconexa envolvendo as duas filhas mimadas de um riquíssimo general aposentado. O filme trata a história com uma displicência indecente e eu tive de fazer um enorme esforço para compreender o que se ia passando. Confesso que talvez fosse melhor não o ter feito, porque é realmente uma história fraca e mal desenvolvida, inaceitável para um trabalho desta qualidade. Não conheço o material original em que o filme foi baseado, apenas sei que deu origem a outros filmes e adaptações. Seja como for, simplesmente não consigo conformar-me e “engolir”! Isto simplesmente não pode acontecer. Mas enfim, as coisas são o que são, e é triste ver um filme com tanta qualidade ter uma falha tão imperdoável.

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