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Taxi Driver: Motorista de Táxi (1976)
81%
Avaliação dos usuários
Ele é um homem solitário, tentando desesperadamente provar que está vivo!
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 28 de Maio de 2022**“Are you talking to me?!”…** Este filme é um marco do cinema, e associa de modo elegante uma boa história, bons actores, um director excepcional e uma execução técnica recheada de talento e de notas artísticas bem conseguidas. Um filme perfeito? Talvez não… mas andou perto! O filme decorre em Nova Iorque durante um Verão dos anos Setenta. A cidade é distópica, feia e suja de todas as formas: o lixo omnipresente, a amoralidade que domina, as personagens do meio marginal, a deturpação da sexualidade, a normalização da prostituição e da pornografia, a violência e o crime que pontualmente nos surgem. Em meio a isto, Travis Bickle, um veterano da guerra do Vietname que vive uma existência infeliz num apartamento imundo, ganha a vida como taxista do turno da noite. Homem solitário e deprimido, ele reprime interiormente a sua angústia, amargura e os pensamentos de violência que o assaltam, até que um amor platónico por uma mulher endeusada redunda num desgosto que o leva a um desfecho dramático e brutal, onde irá decidir o destino de uma jovem prostituta menor que, por casualidade, cruza a sua vida. Eu poderia falar bastante sobre este filme, porque é um daqueles filmes que vale a pena ver com atenção para vermos todos os pequenos detalhes. As roupas sensuais das prostitutas, as vestes extravagantes dos homens, traficantes e proxenetas, o ambiente sujo e desorganizado do apartamento do protagonista, o detalhe simbólico da queima das flores ou aquela câmara que, deixando do protagonista ao telefone com o seu interesse amoroso, mostra um corredor tão vazio e desolador quanto a vida pessoal dele. Martin Scorsese dá-nos um dos seus trabalhos de maior mestria, com uma execução impecável e um magnífico senso de estética e gosto. O elenco conta com vários nomes bem conhecidos e talentosos, mas é Robert De Niro que faz o filme funcionar. Com um desempenho poderoso, carismático, brutalmente intenso e acutilante, o actor consegue um dos trabalhos mais significativos da sua carreira, um autêntico cartão de visita que lhe abrirá muitas portas e ajudará a torná-lo num dos actores consagrados e icónicos da segunda metade do século XX. Igualmente marcante, uma Jodie Foster extremamente jovem e bonita equilibra-se, harmoniosa e paradoxalmente, entre a doçura pueril da sua personagem e a dureza, desumanidade e vício do mundo onde ela habita. Harvey Keitel é excelente no papel de um proxeneta de adolescentes e Cybill Shepherd, apesar de estar numa personagem efémera e extremamente endeusada, cumpre maravilhosamente com o seu papel. Até Scorsese resolve aparecer, num cameo com um diálogo aparentemente estéril, mas que coloca as armas na mente do protagonista, como uma mensagem subliminar. Tecnicamente, o filme é extraordinário. Pessoalmente, se eu fosse um estudante de cinema, eu sinto que teria obrigação de ver este filme com olhar de estudante, observando os detalhes e as opções técnicas, artísticas e estilísticas adoptadas. Nada é impensado, desde os anúncios de néon ao deslavar das cores na cena do tiroteio, que é uma das trocas de tiros mais bombásticas e graficamente violentas feitas até então. A cinematografia é incrível, o trabalho de filmagem foi executado com perfeição, os cenários e figurinos são realmente muito bem executados. Com poucos efeitos, a qualidade destaca-se. A banda sonora é excelente, atmosférica e poderosa, e foi a última a ser composta por Bernard Herrmann, o qual faleceria ainda antes do lançamento do filme, que de resto lhe foi dedicado.
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