Pedro Quintão
Escrita em 23 de Novembro de 2025
Há algo de curioso na minha relação com Wicked. Sempre tive pouca paciência para musicais e, ainda assim, o primeiro capítulo conseguiu conquistar-me com uma facilidade inesperada devido à bela história e à magia da atmosfera do filme. Não era suposto funcionar, mas funcionou. Por isso, vi Wicked: For Good carregado de expectativas. E a verdade é que, mesmo tendo momentos bonitos, não consegue manter o nível do original.
A Ariana Grande e a Cynthia Erivo continuam a ser o grande motor emocional deste universo. A química entre as duas segura várias cenas e há números musicais em que elas brilham. Mas desta vez sente-se que o filme está sempre com pressa, como se tivesse de riscar capítulos da história sem nunca os viver realmente. O maior exemplo disso é o arco da Dorothy, que surge na narrativa de um modo vergonhosamente apressado, que nem sequer a posso considerar uma figurante.
Essa sensação de correria afeta sobretudo o desenvolvimento emocional. Há momentos mais calmos que poderiam aprofundar a ligação com The Wizard of Oz, não só através de breves referências, mas criando pontes temáticas e emocionais mais ricas.
O ato final resume bem o grande problema deste filme, pois chega rápido demais e tem uma resolução demasiado apressada, falhando em entregar aquele impacto emocional que, no primeiro capítulo, surgia naturalmente. Aqui, sente-se uma pressa. E essa pressa faz com que esta produção não chegue tão longe, tem sequer toque nos nossos corações.
Mesmo assim, Wicked: For Good não é um mau filme. Longe disso. Ainda tem magia, uma direção técnica maravilhosa e interpretações que elevam este belíssimo universo. O que custa é perceber que podia ter sido muito mais. A primeira parte foi tão sólida, tão envolvente, tão bem construída, que este segundo capítulo merecia vir com a mesma ambição. Em vez disso, fica como uma continuação apenas bonita de se ver, mas demasiado superficial para ficar na memória, o que é uma pena, porque esta história tinha tudo para um final verdadeiramente arrebatador.