Quero Ser Grande

Quero Ser Grande (1988)

03/06/1988 ‱ ComĂ©dia, Drama, FamĂ­lia, Fantasia, Romance ‱ 1h 45min

72%

Avaliação dos usuårios

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VocĂȘ jĂĄ teve um segredo realmente grande?

Sinopse

Em um passeio num parque de diversÔes Josh acaba barrado na montanha-russa. Revoltado, ele pede à måquina dos desejos para ser grande. No dia seguinte o pedido foi realizado e a mãe o expulsa de casa, pois não conhece aquele estranho de trinta anos. Josh, porém, continua sendo apenas uma criança e agora precisa aprender a se relacionar no mundo dos adultos.

CrĂ­ticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 27 de Abril de 2020

**Uma das comĂ©dias mais bem feitas dos anos Oitenta.** HĂĄ filmes feitos apenas para entreter, que nĂŁo sĂŁo feitos para serem grandes, mas acabam por ser tĂŁo queridos do pĂșblico que resistem ao passar do tempo e continuam a conquistar apreciadores. Penso que este filme Ă© um desses. Qual Ă© a criança que nunca sentiu vontade de ser adulta de uma vez por todas, para poder fazer tudo aquilo que nĂŁo a deixam? Pois bem, isso Ă© a base deste filme, onde um rapaz pede a uma mĂĄquina um desejo simples: ser grande. A mĂĄquina de feira popular, muito semelhante a um daqueles mĂ­sticos ou adivinhos das feiras, concede-lhe o desejo e, de facto, no dia seguinte, ele aparenta ter pelo menos trinta anos de idade e tem de fugir de casa porque a prĂłpria mĂŁe nĂŁo o reconhece e chama a polĂ­cia. Ok, eu concedo que o roteiro Ă© bastante infantil e tem imensos buracos se nos pusermos a pensar nisso. Um dos maiores, e mais difĂ­ceis de passar despercebido, Ă© a forma estranha como o jovem, agora invulgarmente crescido, consegue ir gerindo o seu aparente desaparecimento junto da prĂłpria mĂŁe. Simplesmente nĂŁo faz sentido e era algo que podia ter sido mais explorado pelo roteiro: o desenraizamento, as saudades de casa, da famĂ­lia, o ter de se mover e ser independente sem estar preparado para isso. Mas o roteiro nĂŁo quis atingir essa profundidade e eu compreendo as razĂ”es: tirava piada ao filme, dava-lhe mais dramatismo e o filme, afinal, Ă© uma comĂ©dia. Tudo bem. EstĂĄ bastante bom como estĂĄ! Tom Hanks tem, neste filme, mais uma das vĂĄrias comĂ©dias com que foi começando a sua carreira no cinema, depois de ter feito algumas sitcom de TV muito bem-sucedidas daquela dĂ©cada, como “Quem Sai aos Seus”. Ele ainda se apresenta bastante em bruto como actor, mas aqui, neste filme, temos jĂĄ sinais do seu talento, do seu carisma, de qualidades que lhe abriram portas, afinal. Ele aguenta bem o filme, carrega com ele atĂ© ao final e brilha, fazendo rir o pĂșblico sem perder qualidade nos momentos mais emotivos da trama. Ao lado dele, temos um elenco capaz onde podemos citar Elizabeth Perkins, Robert Loggia e ainda o jovem Jared Rushton. O papel de vilĂŁo, talvez o menos bem pensado e mais mal concebido do filme, cabe a John Heard. A juntar a um elenco bem pensado e desenvolvido, com momentos de humor criativos, e a um bom desempenho de Hanks e do elenco que o circunda, podemos mencionar uma fotografia muito competente, embora dentro dos padrĂ”es da Ă©poca em que o filme foi feito, uma banda sonora elegante mas discreta e um trabalho de direcção simples e sem artifĂ­cios. Feito para entreter, para fazer rir, este filme familiar Ă© bastante divertido e muito adequado, ainda hoje, para um serĂŁo em famĂ­lia. Pessoalmente, penso que Ă© uma das comĂ©dias mais felizes e bem-feitas da dĂ©cada de 80. Tanto assim Ă© que, de vez em quando, ainda vai tendo lugar na grelha televisiva de canais da especialidade e continua a conquistar apreciadores, mais de trinta anos depois da estreia. NĂŁo hĂĄ prĂ©mio melhor do que este, penso.