Razão e Sensibilidade (1995)
Perca o seu coração e venha a seus sentidos.
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 25 de Março de 2022**Uma boa produção que revisita uma das obras mais conhecidas de Jane Austen.** Esta é mais uma adaptação do romance homónimo de Jane Austen, sobejamente conhecido e considerado um clássico da literatura inglesa. Nunca o li, confesso… nunca o vi à venda, mas um dia hei-de o ler, tenho curiosidade de o fazer. Porém, e a ter em conta o que vi neste filme, não é muito diferente de outras obras da autora, que por várias vezes abordou temas como a vida das classes médias e altas inglesas do seu tempo, as regras e convenções sociais ou a maneira como os casamentos se acertavam de acordo com o tamanho dos dotes e eventuais heranças a haver, e não propriamente os afectos e os sentimentos dos nubentes. As duas protagonistas deste filme são Marianne e Elinor Dashwood, duas jovens irmãs em idade de casar. Elas são filhas de um pai que acaba de morrer, mas que se vê legalmente impedido de lhes deixar parte da sua fortuna, que a lei obrigava a deixar por inteiro ao filho do seu primeiro casamento. Por isso, as Dashwood têm de ir viver para uma pequena casa de campo arrendada a preço módico por um primo distante. Ali, vão refazer a sua vida, integrar-se na vida social local e começar a receber pretendentes. Filmes assim correm sempre o risco de se tornarem aborrecidos, com tantas idas e vindas, voltas e revoltas, onde as relações e namoros entre as personagens parecem andar para trás e para a frente. Neste caso, porém, devo dizer que achei o filme bastante leve, menos melodramático e cansativo do que eu esperava. O ritmo do filme também ajuda, pelo facto de parecer não perder muito tempo de maneira inútil. O roteiro está cheio de subtilezas, de inteligência, de críticas ao modo de viver e pensar da época. O elenco é muito bom e está cheio de nomes bem conhecidos e com provas dadas, começando pelas protagonistas, Emma Thompson e Kate Winslet, dois nomes fortes que se adaptaram bem às personagens e souberam dar-lhes o que elas precisavam. Não sou um fã de Hugh Grant, mas reconheço que a postura afectada e o sotaque carregado inglês funcionam bem na personagem que lhe coube no filme. Alan Rickman também é excelente, num registo que se adapta bem a uma personagem mais madura, como a dele. Porém, há vários actores que não estiveram bem, a começar por Greg Wise, que não foi convincente aos meus olhos e é muito meloso. Também achei que Elizabeth Spriggs era muito histriónica e tornou a personagem cansativa. Tecnicamente, o filme tem muitos méritos: Ang Lee dirigiu de modo inteligente, aproveitando o melhor de cada um. A cinematografia é muito boa e aproveita bem as chuvas e nebulosidade de Inglaterra, bem como as luzes das velas e as cores subtis e suaves dos vestidos. Os cenários são bons, e em conjunto com os figurinos, conseguem inserir o público no período histórico em que a história se passa. Claro, há alguns anacronismos e pequenos detalhes onde a produção teve, claramente, de improvisar. A banda sonora também faz um trabalho competente.