Questão de Honra
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Questão de Honra (1992)

11/12/1992 Drama 2h 18min

75%

Avaliação dos usuários

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Em um tribunal do governo dos Estados Unidos, um homem não vai parar pra manter sua honra e o outro até descobrir a verdade.

Sinopse

Após um soldado morrer acidentalmente em uma base militar, depois de ter sido atacado por dois colegas da corporação, surge a forte suspeita de ter existido um "alerta vermelho", uma espécie de punição extra-oficial na qual um oficial ordena a subordinados seus que castiguem um soldado que não tenha se comportado corretamente. Quando o caso chega aos tribunais, um jovem advogado (Tom Cruise) resolve não fazer nenhum tipo de acordo e tentar descobrir a verdade.

Críticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 8 de Novembro de 2023

**Um excelente filme, que merece o tempo que lhe pudermos conceder, mas que tem um grupo de personagens mal concebidas e um péssimo protagonista.** Pessoalmente, gosto bastante de dramas de tribunal, é um género de cinema que agrada e que geralmente funciona muito bem comigo. Também tenho certa tendência a gostar de filmes em torno do ambiente militar. Este filme, conjugando ambas as coisas, parecia o melhor dos dois mundos e perfeito para mim. Efectivamente, gostei bastante. Dirigido por Rob Reiner e com roteiro de Aaron Sorkin, o filme centra as suas atenções na equipa de advogados que vai defender dois militares do Corpo de Fuzileiros dos EUA num caso de justiça militar em que são acusados de ter morto um companheiro de fileiras no seguimento de uma praxe de caserna, isto é, uma punição informal por algo que fez mal. Eles alegam que não sabiam o estado de saúde do camarada e que receberam ordens verbais discretas para tomar aquela atitude, com o conhecimento tácito do comandante da unidade, estacionada em Guantánamo. Só que as provas são totalmente inexistentes, tudo indica que é um caso totalmente perdido e que eles terão de fazer um acordo para evitarem uma condenação e uma dura pena de prisão. O filme, em geral, é excelente e altamente recomendável. Entretém maravilhosamente o público e o tempo passa tão depressa que nem damos por isso. A direcção é pragmática e eficaz, a edição é bastante correcta e, tecnicamente, apresenta-nos uma cinematografia com cores magníficas, cenários e figurinos impecáveis, um realismo convincente e uma sensação de credibilidade em que nem sequer a história parece exagerada ou empolada. Porém, o filme tem um enormíssimo problema, chamado Tom Cruise. Eu não conheço o actor pessoalmente, não sei como ele é no tratamento com as pessoas, mas a ideia que o Sr. Cruise transmite de si aos outros é de alguém profundamente arrogante e um pouco rude. Não estou a dizer que ele é assim, mas que essa é a imagem que ele deixa passar em entrevistas, em aparições públicas, no tracto com fãs, etc. e que isso talvez tenha um certo impacto no tipo de trabalhos que lhe são apresentados, e que quase sempre acabam por ser personagens fanfarronas, arrogantes, pouco respeitadoras dos outros e egóicas. É o que acontece neste filme, onde a personagem dele é terrivelmente irritante com tudo e todos sem motivo e adopta comportamentos totalmente inaceitáveis a um oficial militar, até mesmo merecedores de um processo disciplinar interno. A personagem é inverosímil e muito difícil de engolir, estragando consideravelmente o filme. Demi Moore também não é uma das actrizes que gosto de ver, mas é francamente mais palatável do que Cruise. A actriz faz o que pode com a personagem que lhe foi dada e o maior problema dela é a fraqueza da personagem, que é péssima. É uma oficial que não tem a firmeza e autoridade que deve ter um oficial superior, independentemente do seu sexo: ela é publicamente desrespeitada por um militar de patente inferior, não toma logo uma atitude para exigir o respeito que lhe é devido e, depois, ainda age como se a culpa fosse dela. Que raio de oficial é ela? A somar a isto, as cenas de namoro entre ela e Cruise nunca deveriam ter sido inseridas no corte final. São uma absoluta vergonha. A somar a tudo isto, temos Jack Nicholson, que deu vida ao comandante dos Fuzileiros em Guantánamo. O actor não merece crítica, até porque nos brinda com o melhor e mais completo exercício dramático existente neste filme. É um dos grandes actores do século XX, capaz de brilhar até com personagens desagradáveis. E não há dúvidas de que esta é uma personagem desagradável: um oficial prepotente, arrogante, que parece esquecer que há deveres inerentes ao fardo do comando nos quais sempre se inclui o respeito por todos os subordinados e o cuidado com o seu estado de saúde e as suas necessidades. A missão é fundamental, a disciplina é imprescindível, mas a humanidade não pode ficar para segundo plano, muito menos para um oficial ao comando de tropas em campanha.