Monster: Desejo Assassino

Monster: Desejo Assassino (2003)

24/12/2003 Crime, Drama 1h 48min

72%

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A primeira mulher assassina em série dos Estados Unidos.

Sinopse

A infância de Aileen Wuornos foi marcada por abuso sexual e uso de drogas. Na adolescência, ela passou a se prostituir para sobreviver. Quando se mudou para a Flórida, ela conheceu Selby Wall, com que viveu um romance intenso. Certa noite, Aileen foi agredida por um cliente e acabou matando o indivíduo. Este crime deu início a uma série de mortes, fazendo com que ela ficasse conhecida como a primeira assassina em série dos Estados Unidos.

Vanessa Coffey

Produtor Executivo
Críticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 15 de Novembro de 2020

**Além de ter uma extraordinária Charlize Theron, o filme transpira realismo e rudeza.** Dirigido por Patty Jenkins, este filme com nome sombrio é acerca da vida e do percurso criminal de Aileen Wuornos, uma prostituta que se transformou numa assassina em série que matava os seus clientes. Não conheço rigorosamente a vida da verdadeira criminosa, pelo que não sou a melhor pessoa para julgar se o filme é fiel aos factos, mas acredito que tenham sido feitas inúmeras concessões à liberdade criativa e dramática. Porém, não é um filme de terror como poderia ser, nem tampouco um thriller policial simples. O que temos aqui é um filme bastante humano, profundamente dramático, e que de certo modo, senti eu, dá uma alma humana a uma criminosa que, num filme diferente, teria sido convertida numa personagem sem qualquer alma. De facto, o roteiro soube utilizar o drama para enfatizar toda a humanidade da personagem principal. Aileen é mostrada como uma mulher que começou a vender o corpo ainda na juventude e por necessidade, mas acabou por ser ostracizada por todos, abandonada pela própria família (uma família totalmente desestruturada) e não teve mais oportunidades de abandonar as ruas, ficando entregue aos caprichos e à brutalidade dos clientes, que na sua maioria eram homens rudes. A dureza da vida fez dela o que ela era, e a crueldade levou-a a perder a confiança nos homens. Os crimes que cometeu foram a forma de ripostar, e não será por mero acaso que a única ligação afectiva em que a personagem realmente se envolve é com outra mulher, uma jovem que ela sente ainda ter a pureza que ela mesma já perdeu, e que ela admira por causa disso. Charlize Theron é uma daquelas actrizes em que normalmente não se pensa muito quando é preciso ter alguém capaz de se empregar a fundo numa personagem e dar-lhe carisma, força e profundidade. Eu, pelo menos, não a via dessa forma até ver este filme. Foi uma surpresa a forma como Theron agarrou na personagem e corajosamente se fez transformar nela. A actriz conseguiu aquilo que, para mim, é o seu maior e mais completo trabalho dramático e mereceu o Óscar de Melhor Actriz que venceu com nas cerimónias de 2004. Ao lado dela, a jovem, mas talentosa Christina Ricci deu vida a um papel mais contido, e que acaba por ser um pouco esquecido devido ao espectacular trabalho da protagonista. E se ela própria acaba nas sombras, o que dizer do elenco secundário? São totalmente reduzidos à figuração. Este filme foi carregado às costas por Theron, com mérito e louvor. Sendo um filme tão concentrado na personagem principal e no desempenho esmagador da actriz que lhe deu corpo, os aspectos técnicos acabam um pouco para segundo plano. No entanto, merecem nota positiva, especialmente no que diz respeito à cinematografia, com um trabalho de filmagem e edição elegantemente bem feito e crimes realistas sem abuso de efeitos e sangue falso. O trabalho de maquilhagem e figurino também é bom, na medida em que transpira realidade e enfatiza bem a dureza e o risco de quem trabalha na prostituição de rua. No que diz respeito a Theron, vale a pena destacar a forma como a aparência facial e física dela foi alterada para a personagem. Tudo o resto é usado com discrição, para não dizer parcimónia, desde os efeitos de luz e sombra até à banda sonora.