Blade Runner: O Caçador de Andróides

Blade Runner: O Caçador de Andróides (1982)

25/06/1982 Drama, Ficção científica, Thriller 1h 57min

79%

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O homem fabricou o seu igual... e agora ele é um problema.

Sinopse

No início do século 21, uma grande corporação desenvolve um robô que é mais forte e ágil que o ser humano e se equiparando em inteligência. São conhecidos como "replicantes" e utilizados como escravos na colonização e exploração de outros planetas. Mas, quando um grupo dos robôs mais evoluídos provoca um motim em uma colônia fora da Terra, este incidente faz os replicantes serem considerados ilegais na Terra, sob pena de morte. A partir de então, policiais de um esquadrão de elite conhecidos como "Blade Runner", têm ordem de atirar para matar em replicantes encontrados na Terra. Mas tal ato não é chamado de "execução" e sim de "remoção". Até que, em novembro de 2019, em Los Angeles, quando cinco replicantes chegam à Terra, um ex-Blade Runner (Harrison Ford) é encarregado de caçá-los.

Críticas
Filipe Manuel Neto

Filipe Manuel Neto

Escrita em 13 de Janeiro de 2023

**Um trabalho magnifico, se considerarmos a época em que foi lançado e os recursos técnicos que existiam.** Sinceramente, não esperava muito deste filme. Foi um filme que falhou nos cinemas e que só singrou quando passou para o VHS, adquirindo admiradores desde então e a tornar-se um dos mais respeitados filmes de sempre. Ambientado numa Los Angeles profundamente distópica, levanta várias questões filosóficas e sociológicas em torno da natureza humana, do rumo da humanidade, da nossa relação com as tecnologias e da nossa moralidade em geral. Ver este filme em 2022 foi engraçado porque a acção do filme, lançado em 1982, se situa no ano de 2019. Isto é, foi situado num futuro que, agora, é passado para mim e nunca se concretizou (e ainda bem). O enredo do filme não é fácil: a humanidade colonizou outros planetas enquanto destruía a Terra e criou andróides humanos, muito realistas, enquanto se destruía a si mesma. Porém, os andróides, chamados replicantes, saíram do controlo, e agora são caçados e mortos, ou usados para os fins mais torpes. As metáforas são claras, há muito material filosófico, e que nos deixa a pensar durante um bom tempo. Ridley Scott dá-nos, com este filme, uma das suas obras-primas. O filme é magnífico em todos os sentidos e vale a pena dar-lhe o tempo necessário para nos surpreender. Cria um enredo neo-noir onde ninguém é inocente ou angelical, e onde o perigo está em toda a parte. A iluminação, as venezianas nas janelas, a indispensável “femme fatale”, todos os componentes clássicos do ‘noir’ estão aqui, num filme francamente colorido e com cenários e paisagens que combinam o futurismo mais grandioso com a decadência e sujidade do mundo que destruímos. Os diálogos são memoráveis e estão cheios de momentos profundamente simbólicos. As personagens são ricas, densas e complexas, e é extraordinário pensar que ainda não compreendemos realmente, passadas várias décadas, se a personagem principal é humana ou não. De facto, parece que o tempo não passou por este filme: se pensarmos que é dos inícios dos anos 80, é incrível que seja tão visualmente poderoso e que tenha uma cinematografia tão boa. Parece um filme feito há dez anos. Os cenários e figurinos não podiam ser melhores, e os efeitos especiais são estonteantes. A banda sonora, composta por Vangelis, é suave e hipnótica. A somar a tudo isto, temos Harrison Ford, num dos trabalhos mais subestimados da sua carreira. Ele faz um trabalho realmente bom, e merecia ter sido mais reconhecido por isso. Sean Young também merece um aplauso pela forma como deu vida à sua personagem, uma replicante que pensa realmente que é humana. Há ainda outros actores muito bons, e podemos destacar muito especialmente Rutger Hauer, mas eles não ombreiam com este duo de artistas.