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Halloween – A Noite do Terror (1978)
A noite em que ele voltou para casa!
Sinopse
Filipe Manuel Neto
Escrita em 1 de Novembro de 2023**Um filme competente, com um assassino que não parece assim tão feroz quando lemos o que vem nos jornais diários.** Bem, antes de escrever a resenha deste filme tenho de fazer uma declaração de interesse que julgo oportuna: eu detesto absolutamente o Halloween, é um dos dias do ano que não suporto. Não é uma festividade que pertence à minha cultura, é totalmente estranha à tradição dos portugueses, e uma desculpa esfarrapada para adolescentes vadios irem às casas de estranhos, a horas inadequadas, importunar quem está sossegado na sua vida. Já tive de expulsar um grupo com alguma brutalidade e não duvido que, um dia, ainda vou ter problemas por causa desta estupidez. Além disso, para os católicos, o dia festivo é o dia a seguir, 1º de Novembro, quando a Igreja comemora Todos os Santos. Seja como for, é uma boa data para ver filmes de terror na TV, e ontem calhou-me ver o filme que hoje me traz aqui. Dirigido por John Carpenter, um director que se tornou um ícone do cinema de terror clássico, o filme de baixo orçamento tornou-se num sucesso, arrecadou uma autêntica fortuna e, com o tempo, tornou-se num clássico do slasher, um tipo de terror que eu, confesso, não aprecio particularmente. Carpenter dirige com a habilidade que lhe é reconhecida e faz um trabalho excelente no que concerne à criação e modelação do ‘suspense’ e da tensão atmosférica. O director fez um uso criterioso da iluminação e da cinematografia, e os efeitos visuais e sonoros têm um efeito verdadeiramente inteligente e pragmático. Os cenários são convincentes, tal como os figurinos, e a banda sonora é atmosférica e icónica. Mesmo quem nunca viu o filme reconhecerá facilmente a banda sonora que lhe está associada. Infelizmente, não creio que o filme funcione tão bem no que diz respeito ao ritmo: a primeira metade não é rigorosamente interessante, há muitas cenas que não me parecem ter grande interesse e que só servem para esticar a duração geral da película. Apesar de Michael ser o vilão indestrutível e a personagem central de toda a trama, não é um papel que seja desafiador e que mereça um actor credenciado. Escondido atrás de uma máscara, é um vilão que não carece de bons actores, apenas precisa de parecer algo imbatível. Jamie Lee Curtis acaba, assim, por ser a principal actriz do elenco, tornando a jovem Laurie uma adolescente minimamente credível e que não se limita a gritar e fugir histericamente sempre que pode, ainda que o faça muitas vezes. Donald Pleasance teve menos sorte: o actor é competente, mas a personagem é um médico histérico que parece acreditar que o seu doente foragido é uma espécie de Anticristo. A reação histriónica não é recebida com seriedade pelas autoridades, e com razão, mas o actor é bom o bastante para tornar a personagem numa coisa de certo modo sólida. O grande problema deste filme é o roteiro: Michael tentou matar a sua irmã de maneira bastante fria quando tinha seis anos. Não teve sucesso, mas mesmo assim foi encerrado num hospício por uma década e o médico passou a considerá-lo como o Mal encarnado? Convenhamos, isto não convence ninguém. Ainda há poucos dias vimos um homem que matou dezoito pessoas no Maine e se suicidou. Se estivesse vivo neste momento, não seria mais temível que Michael Myers? O Vampiro de Düsseldorf, Peter Kürten levou a cabo sessenta e oito crimes e violou, mutilou e matou mais de uma dúzia de meninas adolescentes, com requintes de crueldade. Não seria muito mais credível como o “Mal”? Sinceramente, a história deste filme fica muito aquém do que vemos nos jornais.