Locked (2025)

Pedro Quintão

Escrita em 25 de Março de 2025

Locked tenta ser um thriller de sobrevivência intenso e claustrofóbico, mas nunca consegue verdadeiramente destacar-se no género. Como fã deste tipo de filmes, gosto de ver como conseguem transformar situações simples, situadas num único espaço, em experiências tensas e imersivas. No entanto, Locked perde demasiado tempo a repetir clichés sem apresentar nada de realmente novo e cativante na primeira metade. O ritmo arrasta-se, a progressão narrativa é quase inexistente e as tentativas de criar suspense acabam por não ter grande impacto. A segunda parte melhora consideravelmente, tornando-se mais intensa e interessante, com momentos que finalmente conseguem prender a atenção. No entanto, mesmo aqui, nunca chega a atingir um nível que o torne memorável. O conceito tem potencial, mas a execução fica aquém, falhando em explorar a fundo as dinâmicas psicológicas da personagem principal ou em construir uma atmosfera verdadeiramente sufocante. Bill Skarsgård, como sempre, entrega uma performance sólida, mesmo que esteja longe de ser um dos seus melhores papéis. Ele tem carisma e presença suficientes para carregar um filme praticamente sozinho, e consegue transmitir bem a frustração e desespero da situação. Ainda assim, o argumento não lhe dá muito com que trabalhar, deixando a personagem demasiado plana para que a sua interpretação brilhe realmente. Um dos aspetos mais interessantes do filme é o design do carro, que foi adaptado para servir como o cenário principal da história. A forma como o espaço é utilizado contribui para a sensação de confinamento e acrescenta um certo realismo à experiência. No entanto, senti que Locked poderia ter invocado uma mensagem mais forte, seja sobre economia, o estado da sociedade atual ou até sobre a relação da humanidade com a tecnologia. Em vez disso, parece contentar-se em ser apenas um trabalho de entretenimento mediano, sem grande impacto. No final, Locked serve para distrair durante 90 minutos, mas dificilmente deixará uma marca ou fará alguém refletir depois dos créditos, contentando-se em ser um thriller funcional, mas que nunca se transforma em algo realmente memorável.